Atualmente, somos testemunhas de uma explosão na produção de dados e no desenvolvimento tecnológico, cenário que está redefinindo setores inteiros e isso, consequentemente, traz alguns desafios e também oportunidades para o Compliance Financeiro. Tecnologias emergentes, como IA (Inteligência Artificial), Big Data e Machine Learning, estão modelando a forma de atuar e precisamos falar sobre isso.
Segundo o Anuário Compliance On Top (LEC e Vittore), quase 60% das lideranças de Compliance buscam eficácia ao integrar essas tecnologias inovadoras. Isso é crucial, pois a proteção e conformidade de dados tornam-se prioridades essenciais.
Em um cenário em constante evolução, exploraremos como essas tecnologias moldarão o futuro do Compliance Financeiro, buscando eficiência, segurança e alinhamento regulatório.
Compliance Financeiro em 2023
O ano de 2023 foi marcado por avanços significativos. A ampliação da visão holística de risco integrado foi realmente um marco no último ano, promovendo uma abordagem mais abrangente na gestão integrada de riscos.
Estar em conformidade é prezar por um sistema vivo, por isso, não basta ter um programa de Compliance e segui-lo como se fosse um livro de regras estáticas. É preciso ter um olhar para o todo, entender o contexto de cada organização, como ela se relaciona com seus colaboradores, parceiros e sociedade, compreendendo as vulnerabilidades de maneira mais geral e como as áreas internas podem cooperar com uma atuação ética e transparente.
Nos últimos anos e principalmente em 2023, trabalhar dessa forma, com a governança de risco fortalecida e a modelagem avançada dos mesmos foi fundamental para lidar com um ambiente cada vez mais complexo. Essa forma de atuação foi vista com mais importância – uma mudança cultural ocorreu, com uma conscientização crescente sobre riscos em todos os níveis organizacionais.
Valorização de padrões para uma gestão financeira sólida
Os requisitos de capital mais estritos desafiaram as instituições a garantir uma gestão financeira sólida, afinal, quando falamos sobre as normas que impõem padrões mais rigorosos sobre a quantidade mínima de capital que as instituições financeiras devem manter em relação aos seus ativos, estamos tratando sobre a estabilidade no setor.
Essas normas são geralmente estabelecidas por órgãos reguladores financeiros e visam proteger o sistema financeiro, os investidores e os depositantes, evitando riscos excessivos e garantindo que as instituições financeiras tenham uma base de capital robusta para cobrir perdas potenciais.
Quando os requisitos de capital são “mais estritos”, isso significa que as instituições financeiras devem manter níveis mais elevados de capital em comparação com padrões anteriores, o que pode impactar sua capacidade de alavancagem e de realizar certas atividades financeiras arriscadas. Essas medidas são parte integrante das práticas de governança e regulamentação prudencial no setor financeiro.
Alguns desafios em Compliance
As instituições financeiras enfrentam desafios complexos em termos de Compliance na atualidade. A necessidade de integrar sinergias entre áreas de prevenção a riscos, como fraudes, LD/FTP em meios digitais, é um desafio constante.
Além disso, a adaptação às medidas de privacidade e proteção de dados é crucial em um cenário regulatório em transformação.
O uso das finanças para fins antiéticos e ilegais e como as organizações devem se posicionar
As siglas LD/FTP se referem a duas áreas distintas em termos de Compliance Financeiro:
- Lavagem de Dinheiro (LD): Práticas ilegais que visam dissimular a origem de recursos obtidos de atividades criminosas, dando-lhes a aparência de terem origem legal.
- Financiamento do Terrorismo (FTP): Atividades que buscam fornecer suporte financeiro a organizações ou indivíduos envolvidos em atividades terroristas.
Portanto, LD/FTP abrange as práticas de prevenção e detecção tanto de lavagem de dinheiro quanto do financiamento do terrorismo no contexto do Compliance Financeiro e, com o avanço tecnológico, novas formas de produzir e coletar dados e, consequentemente, mais possibilidades de agir de forma maliciosa, temos alguns desafios latentes.
Nesse sentido, as organizações têm a responsabilidade de implementar medidas rigorosas para prevenir e detectar atividades de lavagem de dinheiro e de financiamento ao terrorismo, seguindo diretrizes e regulamentações estabelecidas por órgãos reguladores e se posicionando de forma mais atenta e preventiva.
Tendências para 2024
Agora que você já tem um contexto maior e compreendeu o que ganhou notoriedade e quais os desafios dos últimos tempos, vamos olhar para 2024, considerando a necessidade urgente de integração eficaz entre áreas de prevenção a riscos, abordando fraudes, lavagem de dinheiro e riscos cibernéticos.
O Brasil está adotando medidas mais rigorosas contra o financiamento do terrorismo, alinhando-se a padrões internacionais. Ao lado disso, as instituições financeiras no país enfrentam desafios significativos devido à crescente conscientização sobre privacidade e proteção de dados, especialmente em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que ganhou atualizações no último ano.
A evolução tecnológica, especialmente nas áreas de criptoeconomia, moeda soberana e tokenização de ativos, traz desafios relacionados à escalabilidade e segurança da informação. Nesse sentido, o Brasil, por meio de iniciativas como o Real Digital, está buscando soluções para processar transações em larga escala de forma segura.
Essas mudanças apresentam oportunidades e desafios cruciais para as instituições financeiras (e setores financeiros dentro de organizações de áreas diversas) em busca de conformidade em um ambiente em constante evolução.
Necessidade de promover a sinergia
A integração eficaz entre áreas de prevenção a riscos será uma prioridade em 2024. Isso envolve a criação de estratégias abrangentes que abordem fraudes, lavagem de dinheiro e riscos cibernéticos de maneira unificada.
Prezar pela conformidade deverá ser um olhar sistemático em 2024. As áreas precisaram trabalhar de forma integrada a fim de desenvolver um trabalho eficaz, que soluciona questões, mas que desenvolve novas políticas internas funcionais para controlar problemas e evitar novas fraudes.
Aperfeiçoamento das medidas contra o financiamento do terrorismo
Com a prévia avaliação do GAFI (Grupo de Ação Financeira), que atua com foco em desenvolver e promover políticas nacionais e internacionais de combate à lavagem de dinheiro e de capitais e ao financiamento do terrorismo e proliferação de produção e distribuição de armas de destruição em massaespera-se um aperfeiçoamento dessas medidas no Brasil. Isso implica em ajustes regulatórios e nas práticas para garantir conformidade com padrões internacionais.
Intensificação das medidas de privacidade e proteção de dados
A crescente conscientização sobre a privacidade e proteção de dados demanda medidas mais rigorosas. As organizações precisarão estar alinhadas com as regulamentações para garantir a segurança das informações e para se posicionar à frente das mudanças. Com a digitalização das transações financeiras e com o tratamento de dados também online, é preciso ter um processo bem definido de segurança de informações, tanto em relação a ataques cibernéticos, como também à forma de tratamento dessas informações.
Evolução Tecnológica e seu Impacto
A evolução tecnológica está moldando as práticas de compliance financeiro, a criptoeconomia e blockchain estão transformando o cenário financeiro global. A moeda soberana e a tokenização de ativos emergem como elementos cruciais, trazendo desafios e oportunidades.
A escalabilidade, por exemplo, é fundamental para enfrentar o desafio de processar grandes volumes de transações em blockchains, mas como fazer isso de forma segura? O Brasil, com o framework para o Real Digital, está explorando soluções que proporcionem segurança, flexibilidade e escalabilidade. Profissionais da área precisam estar atentos a novidades sobre o assunto.
A segurança da informação é uma prioridade, garantindo imutabilidade e descentralização para proteger contra alterações não autorizadas.
Ainda sobre transparência e privacidade, as blockchains públicas proporcionam visibilidade aberta e auditável das operações; e criptomoedas como Zcash e Monero priorizam transações privadas, assim como protocolos como Mimblewimble buscam equilibrar privacidade e conformidade com leis como a LGPD. São movimentos novos, mas que tendem a render boas novidades em 2024 e nos próximos anos.
Moeda soberana e “tokenização” de ativos
A interação entre moeda soberana e blockchain está em constante evolução. As Central Bank Digital Currencies (CBDCs), ou Moedas Digitais de Bancos Centrais, estão sendo exploradas como uma extensão digital da moeda soberana tradicional. Isso implica que os governos estão considerando a criação de versões digitais de suas moedas para uso em ambientes digitais.
Além disso, a tokenização de ativos reais é uma prática que torna ativos físicos, como imóveis, representados de forma digital. Essa tokenização facilita a divisibilidade e a negociação desses ativos no ambiente digital, proporcionando uma forma mais eficiente de lidar com ativos tangíveis por meio de representações digitais.
São muitas atualizações nessa era de inovação disruptiva, como bem afirmou Renata F. Andrade – Coordenadora e professora do CCF da LEC:
“O Compliance deve se adaptar às tecnologias e acelerar a interdependência entre suas funções com demais partes interessadas do negócio para melhor decifrar informações dos dados. Adaptação e interdependência serão diferenciais dos profissionais de governança e riscos, Compliance deve ser uma estratégia sistêmica. A sustentabilidade não acontece sem governança comprometida (o “tone at the top”), a transparência dos relatórios e aplicação dos recursos financeiros e humanos para alavancar tecnologia às funções de PLDFTP e antifraude. Sem esses pilares, os negócios perecerão na sociedade da automação e economia da inteligência artificial preditiva avançada.”
O que fazer em meio a tantas mudanças no cenário de Compliance Financeiro?
Como visto anteriormente, a digitalização trouxe muitas transformações e novos pontos de atenção. Por isso, um bom profissional que atua com Compliance Financeiro precisa se posicionar de forma mais assertiva, não apenas acompanhando as tendências, mas aprendendo com profissionais renomados para estar à frente no mercado.
Para isso, uma capacitação completa que ensina a implementar e aperfeiçoar um programa de Compliance com foco nas necessidades específicas de instituições financeiras, seguradoras e fintechs, entre outras, pode fazer a diferença.
O Curso de Compliance Financeiro da LEC é para esse tipo de profissional que deseja crescer e estar qualificado para os desafios do mercado.