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Felizmente, a adesão das empresas ao novo modelo de negócios mundial, que busca a efetiva inovação e modernização, vem crescendo; e já se constata grandes avanços em alguns setores e segmentos da economia global – que realmente se comprometem com a construção da sustentabilidade plena. Mas essa jornada é complexa, longa e sensível, demandando muito cuidado.
Um desses aspectos de complexidade é o papel de cada organização, ao longo da cadeia produtiva e de criação de valor, buscando um certo “equilíbrio” entre cobrança e colaboração/apoio, para que as atuações sejam responsáveis e realistas.
Como as empresas não operam “no vácuo”, e nem sozinhas, é preciso que cada setor e segmento encontre o seu caminho para que todos os envolvidos colaborem, e se “ajudem” com vista ao sucesso do sistema.
No universo corporativo contemporâneo é cada vez mais raro encontrar-se organizações, e negócios, que realizem efetivamente todas as atividades necessárias, e que sejam quase que “auto-suficientes”, no tocante à totalidade dos produtos ou serviços envolvidos em suas operações.
As organizações atuais costumam ser interdependentes, geralmente tendo fornecedores, e por sua vez sendo, também, fornecedoras de outras, formando um sistema que engloba diversas parcerias. Em outras palavras, a maioria das empresas realiza “apenas” etapas/pedaços do todo, que ao seu final é ofertado ao consumidor – e é preciso que todo o conjunto seja orquestrado, para que “funcione”.
A pauta ESG precisa ser entendida e aplicada em todos esses sistemas, e de forma a que a sua própria implementação seja, também, realista e sustentável.
Em função da crescente especialização em determinadas etapas da produção (ou da prestação dos serviços), bem como pelos ganhos de escala, além de fenômenos como a globalização, cada vez mais as organizações criam (e integram) “redes”, e “cadeias de produção” através das quais os produtos e os serviços que chegam ao consumidor, passam por diversas empresas, como fornecedores, distribuidores e prestadores de serviço em geral.
Esse modelo, em que vários parceiros participam da sequência produtiva, exige que a aplicação dos conceitos ESG seja partilhada por todos os envolvidos, e espera-se que se organizem de forma orquestrada, séria e colaborativa – para que se ajudem, incentivem e cobrem uns dos outros; em benefício de todos, e do Planeta.
Como vários participantes são incluídos, o sistema como um todo só será efetivamente sustentável, e responsável, se todos cuidarem do tema, com o mesmo compromisso e dedicação, construindo até mesmo a coerência necessária, para que seja legítimo que se apresentem ao mercado como comprometidos com o ESG. Todos precisam “abraçar as causas envolvidas”.
De nada (ou muito pouco) adianta que uma determinada organização implemente (ou alegue implementar) os pilares e os compromissos da sustentabilidade em termos econômicos, sociais, ambientais e de governança corporativa, se algumas das (ou todas as) demais, que integram a mesma cadeia de valor, não o fizerem.
Se os diversos parceiros não se unirem, e não cuidarem, em conjunto, “do todo”, o risco do sistema não funcionar, e de abrir espaço para o “greenwashing” é enorme. E corre-se, ainda, o risco de que “uns apontem os dedos aos outros”, sem evolução, e gerando perdas para todos nós.
Nesse sentido, espera-se que as organizações realmente sérias e comprometidas com a causa, preocupem-se com o sistema todo (e não apenas com a sua “etapa”), e que influenciem fortemente todos os seus parceiros, todos os seus fornecedores, todos os seus prestadores de serviço, e todos os seus distribuidores – cobrando de todos a sua efetiva e respectiva participação no processo como um todo.
Precisamos, assim, que não nos contentemos em apenas “fazermos a nossa parte” (e muito menos que apenas aleguemos fazê-lo), mas que, além disso, cobremos de todos os demais, que estejam efetivamente envolvidos, que igualmente estabeleçam e cumpram as metas de melhoria; e que se dediquem com muita força e seriedade ao tema – de forma que, crescentemente, todos consigam ser realmente sustentáveis. Somente assim, o “sistema” evoluirá e conquistaremos a sustentabilidade.
À medida em que os critérios ESG passam a incluir as tomadas de decisão (e de contratação) dos parceiros, e que todos passam a ser cobrados, bem como passam a ser “exigidos” a assumir essa responsabilidade, todos ganham; mas é preciso, também, que essa jornada seja construída com muito cuidado e responsabilidade.
A rede de parceiros precisa ser bem escolhida, conhecida e avaliada, para que se verifique todo o contexto e a realidade de cada um, bem como os esforços, os recursos, e os investimentos, que serão necessários, para que as cobranças e os prazos para ajustes e adaptações (que sempre precisarão ocorrer) sejam, também, realistas.
Negociadores, equipes de compras/suprimentos, advogados, assim como os responsáveis por áreas de sustentabilidade, governança corporativa e compliance, nas organizações envolvidas, precisão avaliar, caso a caso, o que será preciso fazer para que se escolham os parceiros “certos”, e para que não se corram riscos nem de exigir demais e nem de menos, tanto na magnitude de ajustes, quanto de custos e de prazos.
Metas ambiciosas são importantes, e já fazem parte da realidade das organizações, mas essas precisam ser, também, realistas e factíveis, para que não sejam metas “apenas no papel”.
Escolher parceiros errados, assim como cobrar demais, ou cobrar de quem não conseguirá cumprir as metas, ou, ainda, não fiscalizar (na prática e “in loco”), é o mesmo que não fazer nada, e somente comprova falta de compromisso com a causa.
De outro lado, ao passo em que, cada vez mais, se cobra das empresas maiores (e, por vezes mais estruturadas, e mais ricas) que não apenas efetivamente implementem toda a nova mentalidade ESG de negócios em suas operações internas e próprias, mas que cobrem de seus parceiros o mesmo comprometimento (e fiscalizem seus contextos e operações), temos que cobrar dessas mesmas empresas (maiores) que os ajudem nessa construção da sustentabilidade.
Se a pauta ESG fosse apenas “um conjunto de cobranças”, para que “apenas os outros precisem se adaptar”, seria não apenas fácil e simplista demais, como inútil.
Em diversos segmentos, a cadeia produtiva completa inclui parceiros de “todos os tamanhos e portes”, dos mais sofisticados aos mais simples e rudimentares, incluindo, portanto, pequenos produtores e/ou prestadores de serviço; que, a depender do que se precise melhorar, e do quão complexa, longa (e cara) seja a adaptação, podem não ser capazes de realizar sozinhos.
Para que não se corra o risco de “apertar” demais os parceiros, a ponto de perdê-los, ou de “estrangular as suas operações”, torna-se fundamental que essas cobranças sejam realizadas com muito realismo, razoabilidade, cuidado e responsabilidade. Afinal, a sustentabilidade que se busca é a do sistema, e não apenas desta ou daquela etapa, ou deste ou daquele segmento.
Se uma determinada empresa apenas “aperta” demais, e “esmaga” os seus fornecedores, e parceiros, logicamente essa empresa não colabora para a sustentabilidade.
O próprio conceito de sustentabilidade efetiva plena inclui, também, o ato de “cuidar” dos parceiros, para que esses melhorem, para que evoluam, e para que consigam operar de maneira a se evitar que práticas “insustentáveis” continuem no mercado – mas em efetiva parceria, e não apenas cobrando ou exigindo.
Em alguns casos, inclusive, será preciso rever as planilhas de custos de cada etapa, de cada produto ou serviço, para que não se corra o risco de sobrecarregar apenas “este ou aquele” parceiro, procurando construir um conceito de sustentabilidade sistêmico e participativo.
Somente assim, as organizações responsáveis poderão realmente dizer, com verdade, que estão efetivamente comprometidas com a sustentabilidade plena, e com a causa ESG.