Fraudes em empresas são mais comuns do que se pode imaginar e elas causam impactos em diversos aspectos. A prevenção é necessária para que os processos internos sejam mais seguros, assim como para preservar a imagem da organização.
O cenário corporativo Brasileiro vem sofrendo, nos últimos anos, com impactos decorrentes de atividades ilícitas. Um estudo aprofundado da Kroll — líder em gestão de riscos, governança, finanças corporativas e avaliação de empresas — gerou um Relatório Global de Fraude e Risco, o qual vamos abordar neste artigo a fim de compreendermos melhor o contexto nacional.
A pesquisa foi realizada de forma anônima on-line com mais de 1.330 tomadores de decisões para estratégia de risco, incluindo CEOs e diretores das áreas jurídica, de Compliance e financeira.
O que são fraudes e como acontecem nas empresas?
Antes de conferir os dados sobre tal estudo, é preciso entender o que são fraudes corporativas e a forma como elas podem acontecer, afinal, muitas atividades ilícitas ocorrem por não serem explícitas e por parecerem irrelevantes. Contudo, tais atividades podem gerar um cenário indesejado em médio e longo prazo.
Principais tipos de fraudes dentro das organizações
De acordo com ACFE – Associação de Investigadores de Fraude Certificados —, os principais tipos de crimes e fraudes sofridos no meio corporativo são:
- esquema de apropriação indevida de ativos;
- corrupção;
- fraude em demonstrações contábeis (tipo de fraude que faz a ocultação e alteração de lançamentos contábeis).
Além disso, imagine outros contextos simples do dia a dia. Muitas vezes, uma empresa precisa reembolsar colaboradores, custear viagens e outras atividades, além de fazer compras para abastecimento de estoque interno. Essas atividades são recorrentes e, por mais práticas que pareçam, podem envolver “deslizes” ou até mesmo má conduta de forma proposital.
A corrupção pode ocorrer não apenas em grandes ações e quantias, mas também pode acontecer de forma isolada e em processos obsoletos (aqueles que não envolvem tecnologia), aumentando as chances de impactar o caixa de uma organização.
Por que se prevenir contra fraudes corporativas?
É completamente necessário manter um programa de Compliance internamente, a fim de garantir a prevenção dos variados tipos de fraudes, nos mais diversos níveis — a depender do segmento e porte de cada empresa.
Ter os processos internos analisados e implementar ações de prevenção é crucial, mas um programa ativo (constante e vivo) também poderá levantar casos suspeitos que serão avaliados e mitigados, quando for necessário.
Cenário brasileiro de atividades ilícitas
Algumas informações se destacaram no relatório da Kroll. No cenário brasileiro, 78% dos entrevistados informaram que os controles antissuborno e de corrupção de suas empresas são eficazes para prevenir e detectar atividades de alto risco. Tal dado é considerado, inclusive, acima da média global, que é de 74%.
A maioria dos respondentes (83%) também informou que sua companhia conta com um processo de análise de dados para detectar suborno e risco de corrupção, de forma proativa.
Esse parece um contexto bastante positivo, porém, os impactos das fraudes são elevados e expressivos. 75% dos entrevistados no Brasil reconheceram tais efeitos da fraude, ou seja, por mais que haja controles e uma análise de prevenção, as atividades ilícitas têm acontecido.
A fim de responder a esse índice elevado, 75% das organizações realizaram investigações internas nos últimos três anos, número também expressivo, mas ainda assim abaixo da média global de 78%.
Setores mais atingidos por fraudes
Agora que você sabe o contexto geral, também é importante analisar quais setores foram os mais afetados por fraudes, corrupção e atividades ilícitas, segundo o relatório.
Setor | Significativamente afetado por conduta indevida grave | Realização de investigação interna nos últimos três anos |
1. Transportes, lazer e turismo | 90% | 65% |
2. Bancos | 89% | 84% |
3. Tecnologia, meios de comunicação e telecomunicações | 88% | 82% |
4. Ciências da vida | 83% | 83% |
5. Comércio varejista, atacadista e distribuidores | 81% | 69% |
É essencial ter essa visão, pois ao compreender em quais segmentos mais ocorreram fraudes, é possível identificar padrões e pensar em novas formas de implementar condutas internas que possam prevenir tais casos em outras companhias.
Um dado relevante sobre a tabela acima é que o setor que mais sofreu com atos ilícitos, o de transporte, lazer e turismo (90%), contou com uma ação reativa somente de 65% das organizações, que conduziram uma investigação interna nos últimos três anos.
Essa informação pode ser uma boa oportunidade para empresas e profissionais de Compliance, que podem utilizar seus conhecimentos e habilidades a fim de atuarem no setor e contribuírem com ações efetivas e eficazes contra fraudes.
Setores em que houve mais investigações internas
Segundo o estudo, esses são os setores em que houve mais investigações internas:
Setor | Realização de investigação interna nos últimos três anos | Significativamente afetado por conduta indevida grave |
1. Bancos | 84% | 89% |
2. Ciências da vida | 83% | 83% |
3. Tecnologia, meios de comunicação e telecomunicações | 82% | 88% |
4. Indústria | 82% | 78% |
5. Bens de consumo | 74% | 74% |
Como uma empresa pode se prevenir de fraudes corporativas?
Para se prevenir de atividades ilícitas, as organizações precisam contar com um time capacitado e que trabalhe de forma direcionada a esse contexto anticorrupção, crimes e fraudes.
Quase 100% das empresas entrevistadas (mais precisamente 98% delas) que realizaram investigação interna tiveram o apoio de companhias externas.
Segundo, Enéas Moreira, head da área de Investigações e Inteligência Forense da Kroll no Brasil: “esse movimento pode ser explicado pela necessidade de se estruturar um time multidisciplinar, com expertise em tecnologia forense e conhecimentos especializados, especialmente para as fraudes mais complexas”.
Ainda sobre tecnologia, é importante que as empresas criem uma estrutura robusta de governança e que tenham mais atenção aos dados, classificando as informações proativamente, além de pensar em como os processos podem ser aprimorados constantemente.
Seja um profissional que atua na prevenção de fraudes dentro das organizações
Depois de entender que esta é uma área aquecida no mercado, chegou o momento de se preparar para ser um profissional que tem as habilidades necessárias para fazer a diferença no ramo.
A pesquisa da Kroll apontou que algumas empresas externas não estão aproveitando as ferramentas e tecnologias mais atualizadas, ou seja, é preciso ter profissionais com visão ampla e que sejam inovadores, prezando pela conformidade e seguindo os valores de ESG.
Se você quer ser esse tipo de profissional, desenvolva-se com os cursos de Compliance da LEC. Encontre o ideal para o seu momento de carreira, como o de Compliance Anticorrupção, o de Investigações Internas ou até mesmo o de Compliance Financeiro.
Imagem: unDraw