A gestão de crises é um componente crucial no ambiente corporativo e sua eficácia está intrinsecamente ligada às práticas de Compliance.
Neste artigo, exploraremos a relação entre a gestão de crises e o Compliance, abordando desafios, estratégias proativas, elementos-chave de um plano bem-sucedido, o papel da tecnologia e da liderança, além de como incorporar aprendizados de crises passadas aos programas de Compliance.
Como a gestão de crises no contexto corporativo se relaciona com as práticas de Compliance?
Qualquer empresa pode enfrentar uma crise, não existe como proteger completamente uma organização. Como disse Patricia Punder – Especialista Internacional em Compliance, Investigações, Privacidade de Dados, Gestão de Crises e ESG, Sócia-Fundadora do escritório Punder Advogados e professora da LEC–, que orientou este artigo:
“A crise é uma certeza nas empresas, a grande questão a ser perguntada é quando a crise irá acontecer. Se uma empresa possui um programa de Compliance e integridade efetivo, fica mais fácil gerir os efeitos da crise. Entretanto, se o programa não for efetivo, a falta de algum controle interno ou comportamento antiético e até ilegal pode gerar a situação de crise”.
Um programa de integridade efetivo não apenas ajuda a evitar crises por meio de controles internos e comportamento ético, mas também prepara a empresa para enfrentar desafios inesperados, mantendo sua integridade e credibilidade.
Principais desafios que as organizações enfrentam ao lidar com crises
Além dos desafios operacionais e financeiros, crises muitas vezes impactam a reputação das empresas. Manter a credibilidade no mercado é fundamental e a falta de preparação para situações de crise pode resultar em danos irreparáveis.
A gestão de crises enfrenta o desafio de lidar com regulamentações e políticas internas, buscando uma resposta que não comprometa a conformidade.
Como as equipes de Compliance podem se preparar proativamente para lidar com situações de crise?
A preparação proativa é essencial para enfrentar crises com sucesso. Ter um comitê de crise é essencial e as organizações que contam com um programa de Compliance compreendem isso.
Por meio de reuniões, treinamentos e desenvolvimento de protocolos e comunicações, são desenvolvidas ações que estejam alinhadas com regulamentações e políticas internas, e que a empresa possa responder com rapidez e eficiência em caso de vulnerabilidade e de crises de fato.
Por isso, reforçamos a importância de implementar um programa de integridade, ou seja, um programa que não tem início, meio e fim, mas que se mantém ativo como um organismo vivo dentro da empresa.
Elementos-chave de um plano de gestão de crises bem-sucedido
Prevenir é mais barato que remediar, e um plano eficaz de gestão de crises deve incluir protocolos claros, comunicações eficientes e uma abordagem multifuncional.
O Compliance está integrado a esse plano, assegurando que todas as ações estejam em conformidade com as normas e regulamentações, evitando complicações legais adicionais. Patrícia ainda complementou:
“A crise nunca deixará de ter existido, mesmo que a empresa mude de nome, endereço e utilize de outros artifícios para tentar mudar a percepção do mercado. A grande lição de uma empresa em crise é aprender a ter humildade para reconhecer o erro e mostrar que realmente irá mudar seu comportamento. Sempre que existe esta atitude, o mercado começa a dar o benefício da dúvida para a empresa em crise. O grande problema é que o ego dos executivos não aceita reconhecer publicamente os erros. Isso pode destruir a perenidade de uma empresa ou gerar uma sensação de “washing” – termo que no meio corporativo significa enganar, exagerar, omitir ou mentir sobre pontos que impactam a imagem da empresa”.
Qual o papel da tecnologia na gestão de crises corporativa?
Embora a tecnologia desempenhe um papel crucial, a humanização da resposta durante uma crise é fundamental. Evitar o uso excessivo de tecnologias automatizadas, especialmente em comunicações, ajuda a manter uma abordagem mais humana.
A tecnologia deve ser uma aliada na eficiência operacional, proporcionando suporte às equipes envolvidas na gestão da crise, mas não o insumo principal, pois “o mercado quer ver o posicionamento das pessoas que estão representando a empresa”, como completou a orientadora deste artigo.
Papel da liderança na gestão de crises
A liderança não é a única responsável por superar uma crise, mas suas ações podem agravar ou aliviar a situação.
A formação de um comitê de crises, como já citado, vai envolver diversas áreas da empresa, e isso é essencial para que entre em conformidade novamente e que reduza os danos. A liderança desempenha um papel crucial na coordenação dessas equipes multifuncionais, garantindo uma resposta eficaz e consistente, mas não será a “salvadora da pátria”, pois a união da equipe é mais importante.
Comunicação efetiva durante crises: um pilar essencial na gestão
A comunicação desempenha um papel central durante situações de crise, influenciando diretamente a percepção do público, a reputação da empresa e até mesmo as decisões regulatórias.
Uma estratégia de comunicação eficaz, integrada ao programa de Compliance, pode ser um diferencial crucial.
As empresas que conseguem comunicar de maneira clara a natureza da crise, suas causas e as ações corretivas que estão sendo tomadas são mais propensas a manter a confiança dos stakeholders.
A agilidade na resposta também é essencial para conter os impactos de uma crise. O Compliance, em colaboração com as equipes de comunicação, deve garantir que as mensagens sejam preparadas e entregues rapidamente, destacando ações corretivas e compromissos futuros.
A gestão de crises não é apenas sobre lidar com problemas internos, mas também envolve o engajamento efetivo com os parceiros externos. É importante ter esse “olhar 360º” para garantir efetividade nas ações.
Como as empresas podem incorporar aprendizados de crises passadas em seus programas de Compliance contínuo?
Cada crise oferece lições valiosas. A incorporação de aprendizados de crises é vital para a sobrevivência e o crescimento da empresa.
Os programas de Compliance devem ser flexíveis e capazes de evoluir com base nas lições aprendidas. A transparência sobre os eventos passados, aprendendo com os erros e mostrando um compromisso real com a mudança, ajuda a reconquistar a confiança do mercado.
Papel dos bons profissionais na gestão de crises
Como você viu, a gestão de crises e o Compliance estão intrinsecamente interligados. Um programa de integridade efetivo não apenas previne crises, mas também prepara a empresa para responder de maneira ética e eficaz quando desafios inesperados surgem.
Incorporar a gestão de crises nos programas de Compliance é um investimento crucial para o presente e o futuro das organizações. Nesse sentido, os profissionais que estiverem preparados para lidarem com tais situações, estando aptos para implementar procedimentos e protocolos a serem adotados antes, durante e após uma situação de crise, certamente ganharão vantagem competitiva no mercado.
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