Com a criação de leis mais rígidas anticorrupção e pela própria preocupação com a imagem e a reputação institucionais, as empresas têm se preocupado mais com a ética. No entanto, de nada adianta criar regras e códigos de conduta sem o desenvolvimento de uma verdadeira cultura de compliance.
De fato, a Lei 12.846/2013, conhecida como Lei Anticorrupção, tem alterado bastante a forma como as organizações enxergam o compliance. Há uma busca maior por padrões de integridade e adoção de práticas e políticas que identifiquem, evitem e reduzam riscos.
Nesse sentido, o grande desafio têm sido justamente tirar essas normas do papel e difundi-las como algo intrínseco à rotina da organização. Neste post explicamos no que consiste a cultura de compliance, qual é a sua importância e como ela pode ser implementada nas empresas. Continue a leitura do artigo para saber mais!
O que é cultura de compliance?
A Lei Anticorrupção recomenda que todas as empresas adotem um programa de compliance. Inclusive, o decreto 8.420/15 descreve alguns passos gerais para a implantação.
Essas mesmas normas também destacam a importância de se criar programas adequados para a rotina, o mercado, o tamanho e a cultura de cada empresa. Essa última pode ser entendida como o fator responsável pela verdadeira adesão dos colaboradores que atuam nos mais diferentes níveis empresariais, bem como dos fornecedores e outros parceiros.
Sendo assim, a cultura de compliance representa uma obrigação de todos no cumprimento das normas de conduta éticas. Acima de tudo, significa um verdadeiro envolvimento das pessoas que fazem a organização, um compromisso em aderir a esses conceitos necessários para a integridade da empresa de modo geral.
Vale destacar que compliance vem do inglês “to comply”, que pode ser traduzido como “estar em conformidade”. Ou seja, para que uma empresa esteja adequada às leis e normas de conduta, é preciso que todos os envolvidos estejam de acordo com isso.
Como a cultura de compliance é estabelecida em uma empresa?
Com tantos escândalos de corrupção em grandes empresas dominando o noticiário, não é difícil para qualquer pessoa entender por que a adoção de um programa de compliance é importante. Talvez toda essa preocupação com o cenário macro possa contribuir para o desenvolvimento de uma cultura anticorrupção, mas não é o suficiente.
A verdade é que a divulgação do código de conduta, a capacitação dos colaboradores e a criação dos canais de comunicação e denúncia podem ser vistas como as etapas mais importantes da criação de um programa de compliance — de nada adianta instituir regras sem que elas sejam colocadas em prática de maneira efetiva.
Sendo assim, é necessário realizar treinamentos, seminários e campanhas de endomarketing e conscientização. As denúncias não devem ser apenas incentivadas, mas valorizadas em todos os níveis da organização.
Talvez o ponto mais importante para a implantação de uma cultura de compliance seja estimular os comportamentos éticos na conduta diária. Isso quer dizer que, por mais necessário que seja estar em conformidade com as leis, os valores éticos devem ser vivenciados nas pequenas ações do dia a dia.
Talvez seja mais simples explicar que fraudes, sonegação fiscal e crimes ambientais são puníveis pela lei, e por isso não devem ser praticados de maneira alguma. No entanto, é preciso reforçar também a necessidade de evitar e repelir atitudes como a fofoca e o preconceito, que nem sempre são puníveis, mas prejudicam o ambiente de trabalho e a imagem da organização.
Qual é a importância de implementar essa cultura?
Mesmo em uma pequena empresa, é muito difícil monitorar as ações de cada um dos colaboradores. Isso é ainda mais complicado em grandes organizações, bastante hierarquizadas e com estruturas bem complexas.
A existência por si só de códigos de conduta ética e instrumentos de fiscalização e denúncia não são suficientes para se evitar riscos e práticas de corrupção — principalmente quando elas não envolvem questões legais diretamente.
Sendo assim, a alta administração não tem controle sobre comportamentos como assédio sexual e moral. Por sinal, essa falta de controle é ainda pior quando os próprios gestores são os responsáveis por tais atos.
Portanto, somente com a difusão de uma cultura de compliance é possível manter um padrão ético em toda a organização, independentemente da fiscalização exaustiva. Muito além de haver uma vigia constante, o que ocorre é a conscientização de todos sobre a necessidade de se manter comportamentos éticos. Cada um é responsável pelos seus atos e por fiscalizar a conduta dos outros.
Como políticas culturais e éticas podem mudar o ambiente empresarial?
A primeira e mais óbvia mudança provocada pela implantação de uma cultura de compliance é a segurança dos gestores. Uma vez que todos prezam por comportamentos éticos, fica mais fácil pretender que a integridade seja mantida em todos os níveis. Assim, é possível se adaptar às leis e evitar problemas de conformidade.
Ainda que existam formas de controle e punição, se as regras forem cumpridas naturalmente, é muito mais simples manter um ambiente de trabalho ético e até mais agradável. Valores como respeito e colaboração entre as pessoas são mais difundidos. Os colaboradores também podem trabalhar mais motivados, o que acaba refletindo em mais produtividade e até na retenção de talentos na empresa.
Uma cultura mais ética pode, inclusive, contribuir para a redução de custos e perdas financeiras. Afinal, fraudes e desvios de conduta podem implicar em multas, prejuízos e o pior: na desvalorização da marca no mercado — que compromete o faturamento da companhia. Inclusive, uma grande tendência é que o público consumidor, fornecedores e parceiros abandonem empresas tidas como corruptas e antiéticas.
O desenvolvimento de uma cultura de compliance não se trata apenas de uma adequação a leis anticorrupção e diretrizes de padrão internacional. De fato, consiste em um caminho sem volta a ser escolhido pelas organizações que querem realmente se manter e se destacar no mercado.
O que você achou de saber mais sobre a cultura de compliance? Quer entender melhor como ela funciona e saber como implementá-la na prática? Entre em contato conosco, converse com um especialista LEC e tire todas as suas dúvidas!