A inclusão financeira é uma prioridade para as instituições financeiras agora mais do que nunca. Ao mesmo tempo, oferece desafios interessantes para profissionais que trabalham com compliance e prevenção à lavagem de dinheiro. Os esforços de inclusão financeira fornecem aos indivíduos e empresas acesso a produtos e serviços financeiros acessíveis, como pagamentos, empréstimos, crédito e seguros, fornecidos de maneira responsável e sustentável. Mas será que exercer a inclusão financeira é tão simples assim?
Em uma pesquisa global recente (disponível apenas em inglês) que incluiu instituições como bancos, seguradoras e instituições financeiras não bancárias em 13 países, incluindo o Brasil, dois terços dos entrevistados indicaram que estão comprometidos em apoiar a inclusão financeira e entendem que um programa eficaz Know Your Customer (KYC) pode proteger sua instituição contra transações ilícitas e risco de reputação. As instituições financeiras também entendem que trazer mais pessoas e empresas para o sistema financeiro, mantendo uma visão clara dos consumidores, fortalece a transparência e ajuda a controlar o abuso criminoso do sistema. No entanto, esse desafio de filtragem não é fácil.
Imagine o caso hipotético de um dono de papelaria que mora no interior do Estado do Ceará e que por acaso tem um nome que se assemelha a um conhecido terrorista. Ao solicitar um empréstimo para expandir o negócio, ele pode ter seu processo com o banco interrompido porque seu nome é o mesmo de alguém ligado ao terrorismo internacional.
Esse tipo de situação ainda acontece mesmo no mundo progressivamente digital de hoje e continua sendo uma realidade desafiadora tanto para o indivíduo quanto para a instituição financeira. Os entrevistados da pesquisa indicam que as instituições financeiras descartam um grande número de clientes/transações em potencial como resultado de seus processos KYC devido à dificuldade de coletar e verificar dados.
Tivemos um grande avanço tecnológico nos últimos anos, o que pressionou cada vez mais as instituições a adaptarem muitos de seus serviços para atender às necessidades de seus consumidores, que se tornaram muito mais digitais. A adoção de tecnologias como inteligência artificial (IA), automação robótica de processos (RPA) e sistemas de orquestração é fundamental não só para agilidade na entrega de novos produtos, mas também para transformação de processos aplicáveis a KYC, acompanhando a jornada do consumidor, monitorando transações e entendendo as necessidades de novos serviços.
Vivemos em tempos de alta inovação e rejeitar clientes em potencial devido a processos ineficientes, e não por motivos regulatórios, exclui indivíduos respeitáveis que deveriam ter acesso válido a serviços financeiros acessíveis. A promoção da inclusão financeira, em última análise, promove a transparência financeira e avanços no compliance regulatório.
A tecnologia e os dados atuais são fatores essenciais para inclusão financeira e transparência e quanto mais as instituições souberem usar isso a seu favor, mais conseguirão fazer a inclusão acontecer de forma mais eficiente.