O background check investigativo se traduz no processo de inteligência investigativa, através de pesquisas, mas principalmente da análise, aplicação de inteligência humana e avaliação de dados de fonte pública e privadas (pagas), bem como, eventualmente, pesquisas de campo. Esse processo é distinto do background check de compliance ou de processos de fusões e aquisições, por exemplo.
O ponto de partida deste processo, em regra geral, é moldado pela alegação que iniciou a investigação, ou seja, é de suma importância a clareza quanto à suspeita levantada para validação ou não da hipótese inicial como resultado da investigação. É imprescindível definir o objetivo do trabalho, as fontes que serão utilizadas e os recursos disponíveis, evitando uma busca “sem fim” ou desvios de foco.
Assim, o enfoque do background check investigativo deve variar conforme a necessidade do caso. É possível verificar que, a depender da situação fática, os trabalhos podem ter um enfoque específico, não se restringindo a pesquisas padronizadas, respeitando as singularidades do caso, buscando assertividade no enquadramento das hipóteses sob análise, como por exemplo:
• Tratando-se de um conflito de interesses e/ou favorecimento de fornecedores, em que há suspeita de contratos fechados com empresa de familiar de empregado, é recomendável que o background check investigativo seja voltado ao aspecto social. Neste cenário, uma verificação em mídias sociais pode ter grande valia na identificação de relacionamento entre as partes envolvidas.
• No caso de uma suspeita de fraude ou desvio de dinheiro, é pertinente que se faça um background check investigativo de cunho financeiro, com intuito de identificar o estilo de vida do suspeito e compará-lo com seu salário e origem familiar, tentando assinalar pontos divergentes.
Entretanto, o investigador deve ter conhecimento sobre as limitações e informações que as fontes trazem e sua correlação com o objetivo da investigação. Adotar fontes secundárias e agregadores de fontes é visto como um facilitador na rotina dos investigadores, desde que seu uso tenha revisão e suas limitações sejam conhecidas. É importante também que, sempre que possível, a qualidade das informações seja verificada, por exemplo, pela consulta em fontes primárias de informações.
É possível que a solução de uma investigação tenha como base uma foto do Facebook (ou rede social) do target, comprovando, por exemplo, relação de conflito de interesses com terceiros. Cabe ao investigador avaliar os resultados obtidos dessas fontes e efetuar validação das informações nas fontes originais ou em outras fontes de informação.
O background check investigativo pode ser usado como uma ferramenta para obter evidências, buscar informações que suportem ou descartem hipóteses relacionadas às alegações iniciais. É comum que muitas investigações sejam finalizadas com o apoio de um bom background check, conectado e alinhado com outras áreas da investigação, como entrevistas, contabilidade forense, revisão de documentos, entre outros.
Este artigo foi produzido pelo Comitê de Estudo de Investigações Corporativas da LEC, sob a coordenação de Guilherme Acácio. Os membros do grupo de estudos de background check investigativo do Comitê são Albert Bayer, Gabriela Viana, Layla Guillen, Luciana Ietsugu e Ricardo Contieri.
Essa reportagem foi publicada originalmente na edição XIX da Revista LEC. Gostou? Clique aqui para assinar a Revista LEC gratuitamente e receber a versão digital completa.