Nos dias atuais, Compliance tornou-se uma palavra bastante conhecida no ambiente corporativo e muitos falam do assunto como sendo profundos conhecedores e especialistas. No entanto, a realidade é bem diferente.
Compliance é matéria muito recente, se comparada com outros temas como ‘Recursos Humanos’, ‘Contabilidade’, ‘Qualidade’, ‘Meio Ambiente’, etc.
Além disso, ela ganhou ênfase em meio a crises de reputação, denúncias públicas de corrupção, fraudes e irregularidades, envolvimento de autoridades em investigações e necessidade de ações emergenciais para resolver questões urgentes.
Novas legislações foram publicadas e como meio de prevenção, diversas empresas se engajaram na implementação do Compliance, sem saber ao certo o destino de suas ações.
Por óbvio, aconteceram muitos equívocos, criando um ambiente propício ao surgimento de diversos paradigmas, comprometendo sobremaneira a utilização do Compliance como ferramenta de utilidade máxima nas organizações.
Um deles, pouco superado, refere-se ao Compliance para micro, pequenas e médias empresas. Ainda existem executivos, sócios ou donos dessas empresas perdendo oportunidades em seus negócios por ignorarem o Compliance ou adotarem um Compliance aquém daquele que, de fato, oferece benefícios de verdade.
Independentemente do porte, natureza ou segmento de atuação, uma organização deve criar o seu Compliance de acordo com as suas particularidades, sua cultura, suas pessoas, suas características e mais uma série de fatores, atendendo a uma premissa básica: o Compliance deve ser customizado para a realidade de cada instituição.
Somente dessa maneira ele trará benefícios claros e incontestáveis, superando em muito os investimentos necessários para a sua implementação e manutenção no dia a dia.
Por exemplo: o Compliance está ligado a uma cultura da ética e integridade, permeando toda a organização, porém, com efeitos colaterais muito significativos, como redução de fraudes, roubos e má utilização de ativos, conflitos de interesses e riscos de ilicitudes e desvios de conduta.
Questões de relacionamento também são muito impactadas, como redução de assédios, discriminação, bullying, etc. O clima organizacional é fortalecido e as pessoas passam a gozar de um ambiente de trabalho mais saudável, com reflexos positivos na redução do absenteísmo, rotatividade e melhoria da produtividade.
Os benefícios não param por aí, dando inclusive à instituição vantagens competitivas, sustentabilidade e fortalecimento da sua imagem no mercado.
Um desafio, entretanto, é manter vivo um conceito básico, muitas vezes esquecido, relativo ao objetivo do Compliance.
De modo análogo a outros departamentos corporativos, como RH, Jurídico, Marketing, Área Financeira, entre outras, a área do Compliance deve ter como objetivo principal o de “contribuir para a organização alcançar os seus objetivos principais”.
Quer dizer, se uma empresa busca aumentar o seu faturamento, ganhar mercado e expandir seus negócios, o Compliance deve atuar para ajudar nessa direção e nunca atrapalhar.
Por certo, a contribuição deve vir acompanhada pela missão mais nobre do Compliance, ou seja, privilegiar a cultura da ética e integridade, isto é, colaborar com o alcance dos objetivos da empresa, porém, mantendo sempre os negócios limpos e as relações transparentes.
Por isso, o Compliance é um sistema de gestão promotor da cultura da ética e integridade, focando nas pessoas e jamais orientado para ser um simples conjunto de regras ou um “puxadinho do Jurídico”.
Quando a companhia pensa de outra maneira, o sistema estará a um passo de ser mais prejudicial que benéfico.
Outro ponto imprescindível e também muito ignorado diz respeito a como implementar o Sistema de Compliance.
Exagerar na dose implicará na criação de burocracia desnecessária, impondo à organização atividades inúteis, engessamento das operações e, por consequência, obstáculos e desafios supérfluos, consumidores de investimentos e recursos. É tempo e dinheiro fluindo para o ralo.
Por outro lado, buscar a simplicidade em demasia causará um Compliance simplório. No jargão popular, seria um “sistema de fachada”, “só para inglês ver”.
Dessa forma, as tarefas do Compliance não surtem efeito prático e, de maneira similar, representam gastos infrutíferos.
Seja de um modo ou do outro, em pouco tempo as pessoas perderão a confiança nesse mecanismo e, com a descrença, deixarão de apoiar e não tardará para o Compliance fracassar por completo.
Algumas dicas para quem ainda não tem um Compliance efetivo:
- Certifique-se de contar com o apoio e a experiência de profissionais com comprovada capacidade de orientar a sua organização, a definir os rumos adequados e encontrar o ponto ótimo para a implementação e execução correta dos processos, ferramentas e documentação.
- Não perca tempo. Um Compliance bem feito resultará em benefícios e vantagens competitividades para a sua empresa. Se você deixar de fazer, essa vantagem será do seu concorrente.
- Evite o discurso fácil e de senso comum relativo aos paradigmas do Compliance. Essa é a forma mais rápida de você deixar de se beneficiar com um Compliance de verdade.
- Assuma uma postura profissional, correta e concreta. Seja consequente e implemente o Compliance, sem delongas. Todos vão se beneficiar!
- E lembre-se: empresa ética só se relaciona com empresa ética. Você não vai querer perder negócios por negligenciar o Compliance, vai?
Wagner Giovanini é especialista em Compliance e sócio-diretor da Compliance Total, Contato Seguro e Compliance Station. Autor do livro “Compliance – a excelência na prática”, desenvolveu a Compliance Station®, plataforma inovadora para a implementação e execução do Compliance em micro e pequenas empresas. Para mais informações e conteúdos sobre o tema, acesse www.compliancetotal.com.br e https://www.linkedin.com/company/9299759/ .