A comunicação com os funcionários acerca das diretrizes do Programa de Compliance bem como para fomentar a cultura da empresa entre seus departamentos é essencial.
Para isso, grande parte das empresas que tem um Programa de Compliance estruturado possui em sua agenda os treinamentos de Compliance. Há duas formas de ministrar os treinamentos: presencial e via web.
Os temas dos Treinamentos de Compliance são os mais diversos, como apresentação dos padrões da empresa para um treinamento de novos funcionários ou, ainda, um treinamento anual para todos os colaboradores com atualizações de legislação, do Código de Conduta, regras de Prevenção à Lavagem de Dinheiro ou mesmo para reafirmar os padrões, políticas e cultura da instituição.
Entretanto, esses treinamentos são geralmente providos de forma generalizada a um número específico de funcionários. Seja para um grupo de pessoas recém-chegadas na empresa, de departamentos diferentes, ou de uma maneira que a comunicação consiga abranger a empresa como um todo, em um único treinamento, no caso, por exemplo, dos treinamentos via web.
Será que somente com o treinamento presencial, ou via web, com conteúdos diversos, para todo o tipo de área e pessoas, o Compliance consegue tornar a matéria que quer promover clara, objetiva e efetiva para todos?
Como disse um dos mais importantes escritores sobre a administração do mundo moderno, Peter Drucker: “As pessoas são contratadas pelas suas habilidades técnicas, mas são demitidas pelos seus comportamentos.”
Cada pessoa tem uma capacidade de entendimento e discernimento diferente. Claro, ficaria inviável um treinamento direcionado para cada indivíduo que atue em nome de uma empresa, principalmente quando falamos de empresas globais, com centenas de funcionários. Porém, uma forma de direcionar um conteúdo específico para um grupo selecionado de pessoas é o uso da tecnologia para captar eventual desvio de conhecimento.
Os departamentos de Recursos Humanos e empresas de recrutamento têm muitos métodos de contratação de pessoas, como testes comportamentais, de personalidade, psicológicos etc. Trazendo o conceito de um desses testes para o Compliance, como uma forma adicional de treinamento, é possível medir qual grupo de pessoas que trabalha na empresa precisa de um novo treinamento em um determinado conteúdo.
Esclarecendo, imagine um teste como o Questionário de Avaliação Tipológica (QUATI) – esse questionário possui algumas questões de cunho psicológico, de fácil compreensão e avaliação objetiva. Agora imagine inserir essa mesma metodologia no âmbito do Compliance, com temas relevantes sobre o Programa de Integridade, por exemplo, e enviar para todos os funcionários. Com as respostas, o time de Compliance consegue medir as fragilidades que existe em certo conteúdo, em determinado departamento e, indo mais além, consegue captar, por exemplo, aquele grupo de pessoas que jamais utilizaria um Canal de Denúncia, pois acredita que a “parceria” entre os colegas de sua equipe é mais importante. Diante dessa situação, o time de Compliance direciona um treinamento, de curta duração, para esse grupo.
Uma empresa que busca uma transparência, padrões éticos e reconhecidos, precisa do apoio absoluto de seus colaboradores. Precisa que essas pessoas acreditem e conheçam seu local de trabalho. Precisa ter sua cultura entendida e praticada por todos. Para isso, é necessário conhecer cada gestor e seus subordinados, o comportamento de cada departamento, bem como as necessidades deles.
Um teste, ou treinamento direcionado com temas relevantes de Compliance, seria uma forma de somar, ou suplementar os treinamentos que já existem e continuar com a busca pela perfeição e sofisticação de um Programa de Compliance efetivo.
Mariana Prado é formada em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Desde 2013 atua no mercado financeiro desempenhando funções de Compliance. Atualmente é Compliance Officer em um banco de investimento.