Como a capilarização do Compliance e o consequente aumento da base da pesquisa do Compliance ON TOP refletiu sobre os números da área em 2024
À luz da percepção dos diferentes agentes econômicos, tem sido difícil compreender o cenário econômico atual do Brasil. Desde 2023, vários indicadores da economia têm superado as expectativas do mercado financeiro. Os números do PIB, da produção industrial e de ocupação e emprego têm se apresentado em níveis melhores do que os esperados pelos analistas da Faria Lima. Mesmo a taxa de inflação tem ficado abaixo das previsões do mercado. Essa leitura levou uma das três grandes agências globais de rating, a Moody’s, a elevar a nota de crédito soberano do País, deixando-a apenas um patamar abaixo do grau de investimento. Por outro lado, o debate em torno da questão fiscal e do conflito entre investimentos públicos versus corte de gastos ainda domina as discussões entre os economistas por aqui, o que tem repercussões diretas em questões como a definição da taxa Selic pelo Banco Central e a própria formação dos juros futuros.
Em meio a esse cenário de visões conflitantes sobre a economia nacional, pode-se dizer que, do ponto de vista dos seus números, a área de Compliance conseguiu manter seus orçamentos relativamente estáveis em relação aos últimos anos. As mudanças neste caso parecem ter mais a ver com a ampliação da base, fruto da capilarização da área apresentada na reportagem anterior, do que com qualquer ação externa às empresas.
Com o aumento no número de empresas na base com receitas de até R$ 499 milhões e com equipes menores em relação ao ano anterior, o aumento no número de respondentes que dizem operar com um orçamento de Compliance anual de até R$ 999 mil também avançou. Neste ano elas fazem 61,4% da base da pesquisa de profissionais de empresas do Compliance ON TOP, um avanço considerável de 4,4 pontos percentuais em relação a 2023. Em relação aos budgets, não existem grandes diferenças entre as empresas brasileiras e as estrangeiras. A única exceção é entre aqueles que dizem ter à sua disposição uma verba para a área que supera os R$ 24 milhões anuais. Nesse caso específico, entre as brasileiras, apenas 0,9% dos respondentes pode dispor dessa quantia para exercer seu trabalho, enquanto entre os profissionais de empresas estrangeiras esse percentual sobe para 3,4%.
Em relação à situação dos orçamentos deste ano em comparação com o ano de 2023, o quadro geral traz algumas movimentações consideráveis. Apesar de o número de respondentes que apontam para a estabilidade em seus respectivos budgets ter permanecido praticamente inalterado, em 54,8% (54,2% em 2023), aqueles que responderam que o orçamento da área ficou maior caiu de 19,9% para 15,1%, enquanto os que apontam não trabalhar com orçamento definido subiram de 6,3% para 8,2% neste ano. Considerando apenas as empresas brasileiras, o quadro parece um pouco mais favorável. Entre as companhias locais, 49,6% disseram que o orçamento ficou estável neste ano, mas 18,9% disseram que ele ficou maior, enquanto 10,5% indicaram que ele está mais de 10% acima do budget de 2023. Já entre os que apontaram queda, ou que não trabalham com orçamento definido, os percentuais apontados por profissionais de empresas brasileiras e estrangeiras é basicamente o mesmo.
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Artigo publicado originalmente no Anuário Compliance On Top 2024, com o título “Estabilidade em meio
às incertezas”.
Imagem: Canva