Você realmente consegue definir o que seja algo moderno, evoluído e decorrente de progresso, atualmente? E tem refletido (de forma crítica) sobre como as “novidades” impactam a sua vida?
Nesse contexto, a sua organização está realmente ajudando as pessoas a viver melhor, ou apenas criando demandas, necessidades e “modernidades”?
Propomos com este breve artigo que todos nos questionemos acerca de nossas rotinas e práticas atuais, e sobre o que queremos; sobre o que torna nossas vidas efetivamente melhores, e se o “novo” é sempre melhor (ou se há limites).
Entendemos que exista um certo “senso comum” que defenda que o melhor é sempre o mais moderno, o novo, o que se proponha a ser mais evoluído e decorrente do progresso, mas nem sempre refletimos de forma crítica, e profunda, sobre o que de fato seja o melhor.
Precisamos reavaliar se realmente sabemos o que queremos em termos de estilo e modo de vida; conceitos que passam por uma reflexão ainda maior sobre evolução, modernidade, progresso, automação e desenvolvimento.
Atualmente, o que você entende que seja evolução e progresso? O futuro da automação, que talvez nos leve a termos “máquinas” para tudo, é o melhor? O desenvolvimento das cidades rumo às florestas de concreto, e a alimentação em cápsulas é o que queremos? E o convívio “pessoal” em ambiente meramente digital, bem como a troca dos esportes “físicos” pelos digitais? E as experiências com músicas e espetáculos apenas pelos canais tecnológicos? E os passeios por rios e mares, bem como campos totalmente poluídos e cheios de plásticos e outros resíduos? O crescimento permanente das cidades de concreto, inclusive com adensamento extremo, é de fato a melhor solução para as pessoas ou precisamos repensar a “obrigação” de se viver nas cidades grandes?
A questão da sustentabilidade nos remete a uma grande revisão de estilo de vida, de convívio com a tecnologia/automação, com o que se considere moderno e desenvolvido, mas queremos “lançar dúvidas” sobre todo esse tema, para que as pessoas reflitam e decidam se querem continuar aceitando/ aplicando conceitos que talvez já não façam sentido, e os obriguem a “evoluir” sem limites e sem avaliação crítica.
A “evolução humana” trouxe diversos ganhos, mas cobra preços igualmente altos, uma vez que, se de um lado nos trouxe medicamentos, de outro gerou doenças, se nos trouxe comodidades e praticidades, de outros “destruiu” a qualidade de nossos hábitos diários e da nossa alimentação. Trouxe-nos equipamentos e mobilidade, mas destruiu o verde e a qualidade do ar.
Na mesma linha, se hoje temos alimentos mais duráveis (especialmente ultraprocessados), o excesso de conservantes destrói a sua qualidade e a nossa saúde, se o petróleo ajudou com a mobilidade, colabora com o excesso de carbono, de plástico e de demais resíduos, além da qualidade do ar. E os metais pesados, e o lixo eletrônico, os pneus descartados, as carcaças de veículos, os “lixões de tecidos”, dentre tantos outros “progressos questionáveis”?
Se temos uma vida urbana com praticidades e vantagens, já não temos espaços, vivemos sem verde e sem sol, em meio a barulhos e poluição, sempre “correndo” (embora nos movimentamos menos fisicamente), convivendo com dietas, exercícios, medicamentos e suplementos “inovadores” – e a verdade é que a nossa saúde “geral” não é boa. Até mesmo por conta das próprias “vantagens e modernidades” conquistadas e produzidas.
As organizações que nos apresentam produtos e serviços estão realmente oferecendo o que é melhor para as pessoas, ou chegou a hora de refletir e “revisar” vários conceitos?
Questões como o aumento das doenças “mentais” e do câncer, bem como o surgimento de novos vírus, a convivência com doenças respiratórias, assim como com a ansiedade, a depressão, o “burnout” e tantas outras, e mesmo a violência e a morte no trânsito, não demandam reflexões sobre o que estamos fazendo? O mundo todo sabe que o transporte de massas mais eficaz é o “trem/metrô”, assim como de carga, especialmente elétrico, mas insistimos em carros, motos, ônibus e caminhões – mesmo com o perigo da vida sobre duas rodas nas grandes cidades, para que as entregas sejam cada vez mais rápidas. Tudo isso continua sendo sinal de progresso?
Os principais pilares do E-ESG, que decorrem da própria Governança Corporativa, e da responsabilidade socioambiental corporativa, sustentabilidade e do capitalismo consciente (de propósito e de “Stakeholders”) têm sido divulgados, e todos lutamos para que sejam crescentemente conhecidos/ efetivamente implementados, mas defendemos que esse convite a uma sociedade melhor e um planeta preservado seja ainda mais amplo e mais profundo. E que demanda reflexão profunda e senso crítico sobre evolução e progresso.
A grande “provocação” fomentada pelo tema corporativo da atualidade impacta e se relaciona com todos, nas nossas vidas, escolhas e atuações pessoais, profissionais, familiares, sociais e coletivas, assim como com todas as organizações, instituições, governos, países, gerações, classes sociais, grupos etc., demanda escolhas e ajustes profundos.
Os produtos e os serviços que oferecemos à sociedade com o nosso trabalho, e os que consumimos como clientes, são de fato necessários, são realmente melhores do que os anteriores, são sustentáveis? E, estamos escolhendo e comprando o que realmente precisamos, e dos melhores e mais conscientes fornecedores? Estamos considerando a sustentabilidade “para valer” em nossas rotinas?
Nessa medida, antes de seguirmos “listando” recomendações e sugestões para boas práticas E-ESG, a serem implementadas pelas organizações e pela sociedade como um todo, bem como escolhas em nossos municípios, estados, países e continentes, entendemos que precisamos (todos) reavaliar o mundo, e a vida que queremos, para que na sequência consigamos definir “como” trabalharemos nessa direção. E o que cada um de nós temos que fazer, mudar, ou deixar de fazer.
Precisamos aprofundar o “diálogo” sobre nossas escolhas, decisões, atitudes, práticas, hábitos e mesmo concepções (em quase todos os aspectos e sentidos), para que o “grande tema” não se perca em debates ideológicos e/ou partidários, bem como não “dê palco e microfone” (ou “likes”) a agressões ou defesas puramente econômicas ou financeiras desta ou daquela posição.
Em grande medida, a evolução da humanidade decorreu de adaptações (no melhor estilo de Darwin), à medida em que fomos nos “ajustando” a novas necessidades, oportunidades, descobertas e invenções, aproveitando momentos e situações, explorando novos lugares e recursos, praticamente sem reflexão, cuidados ou limites. E a seleção natural, de alguma forma “fez o seu trabalho”. Mas é preciso usar nossa capacidade de questionamento e de crítica de maneira permanente.
As revoluções industrial e tecnológica, que em grande medida nos ajudaram bastante, também trazem problemas, assim como já observamos com a automação e a inteligência artificial sem controle, sendo preciso avaliar constantemente o que de fato ajuda.
O “progresso” está nos levando a “precisar” cada vez mais de minérios e de petróleo, assim como de água e de energia, de equipamentos e de eletrodomésticos que muitas vezes compramos por “impulso” ou por uma certa “pressão social”. Essa concepção de vida, e de um “progresso” teórico, e sem fim, teria apenas pontos positivos, ou devemos avaliar todos os “prós e contras”, e em muitos casos encontrar equilíbrio, ou estabelecer limites?
Nossos antepassados, que tinham bem menos “coisas” eram realmente menos evoluídos/desenvolvidos?
Essa “visão de mundo”, que privilegiava a produção “sem fim”, trouxe-nos ao momento atual – com seus méritos e deméritos, qualidades e problemas, que de certa forma fomentaram a “evolução, o progresso, o desenvolvimento” a partir de premissas, que agora precisam ser rediscutidas/reavaliadas/ajustadas.
Nossa realidade atual, e estilo de vida podem ser efetivamente classificados como “melhores/mais evoluídos” do que os experimentados por nossas bisavós em todos os aspectos? Ou há pontos em que elas viviam de forma melhor, mais sábia/agradável/saudável, e até mesmo mais sustentável? Estamos mesmo “melhorando” e caminhando na direção “certa”?
As chamadas leis do mais forte, poderoso, esperto, rápido, tecnológico e barato, precisam dar lugar a outras “melhores”, que parem de sustentar que o “novo” é sempre melhor, e que o “antigo não serve”. Talvez nenhuma dessas “verdades” seja absoluta, e tenhamos que nos questionar bastante antes de criticar ou de resistir ao E-ESG.
Há quem acredite que precisamos de cada vez mais produtos/mais serviços, que custam cada vez mais caro, e que nem sempre nos levam a uma vida efetivamente melhor, mais saudável e mais feliz, e que “custam” o meio ambiente e muitas vidas. Seguiremos assim?
O que fizemos com povos, conhecimentos, hábitos e práticas, bem como com culturas, lugares, regiões, e mesmo com a fauna e a flora, sem contar o planeta como um todo, já não pode ser aceito. Muito precisa ser reparado, reconstruído, restaurado, e salvo, com urgência, mas “muito” já foi destruído, ou não tem salvação; e se não formos rápidos, a equação tende a piorar.
Erros anteriores, e práticas, que em algum momento foram aceitas, como explorações, tanto de recursos naturais quanto de seres humanos já não podem continuar. E não podemos considerar “normais e comuns” catástrofes e “desastres” (chamados de naturais) que vitimam pessoas, regiões, e o planeta como um todo.
Os chamados “ajustes” que a mentalidade E-ESG propõe são tantos, e tão diversos, que vão dos mais simples, rápidos e fáceis (na maioria das vezes inclusive sem custo, e até com ganhos econômicos rápidos e significativos) aos mais complexos e desafiadores (que demandam tempo, planos estruturados de transição, e investimentos).
Essa reflexão que aqui propomos passa por escolhas, decisões, atitudes, práticas e hábitos melhores. E o tema precisa ser muito pensado e analisado, pois esses pontos nos levarão a colocar em xeque muitas crenças que precisaremos abandonar.
Dentro outros aspectos e questões, sustentamos que precisamos rediscutir/reanalisar/recontextualizar/reconceituar até mesmo pontos como o que seja moderno, o que seja progresso, e que significa evolução e desenvolvimento.
Percebemos a todo momento, que nem tudo o que hoje pode ser automatizado é de fato positivo e melhor, pois muitas vezes se trata apenas de modismo, de tendência passageira, de consumismo, e de questões nos levam a mais sedentarismo, mais pressa, mais ansiedade, menos paciência, menos experiência de vida, menos contato pessoal, e a custos muito mais altos.
Como “tudo” tem ao menos dois lados, e seus prós e contras, precisamos discutir todos esses conceitos aqui elencados, para que a humanidade corrija seu curso, e trabalhe para melhorar efetivamente a sua vida, a sua existência e o planeta – com base em novos critérios e parâmetros. E com isso podermos entender o papel de cada um de nós e das organizações.
Todos os recursos são finitos e tem limites (todos), de forma que precisamos descobrir os limites até mesmo para esses conceitos que aqui discutimos, pois a luta pelo “moderno” tem levado à exploração do planeta em níveis que não são sustentáveis, e nem mesmo positivos.
Temos que entender que não teremos água para sempre se não mudarmos nossa maneira de lidar com o tema, assim como com a energia; e o aumento constante da capacidade que a vida “moderna” exige não pode continuar. Ou seja, temos que repensar e mudar!
A reflexão aqui proposta convida o leitor a identificar o que de fato está melhorando e o que está piorando, no seu modo de vida, e no mundo, para que ajustes importantes sejam feitos, em todos os aspectos. E queremos destacar, também, que nesse tema não existem “os outros”, pois somos todos agentes e responsáveis.
Felizmente tem crescido a consciência de que muitos recursos, objetos, lugares, e práticas, que por muito tempo foram considerados velhos, antiquados, ultrapassados e sem utilidade estão “voltando”. Em diversos aspectos são inclusive festejados como sendo representantes de conceitos denominados “vintage”, “retrô”, rústico, tradicional, “raiz” etc.
Um fim de semana junto à natureza, em florestas ou montanhas, bem como em fazendas, junto a animais e um estilo de vida “de antigamente” é cada vez mais procurado e valorizado (por muitas razões) . E temos que entender os motivos dessa “necessidade de retorno às origens”, pois são vários pontos a considerar.
Nas próprias cidades, vemos a crescente utilização de motes publicitários e propagandas de empreendimentos imobiliários que tentam remeter a (teóricos) ganhos de qualidade de vida, estilo de vida, e convívio com um mínimo de natureza, que eles próprios ajudam a destruir em sua implantação. E por vezes chegam a citar estabelecimentos e práticas que são igualmente eliminados por esses mesmos estabelecimentos “mais modernos e evoluídos”.
Felizmente, estamos “redescobrindo” o prazer, e a importância de retomarmos hábitos, objetos e práticas como o café coado, os laticínios naturais, a alimentação com pouco sal/açúcar/gordura, a bicicleta, o trem, o patinete, o fogão a lenha e a maneira “antiga de cozinhar”, o banho de sol, a frequência a praças e parques, a vida do campo, a comida orgânica e natural, a conversa com calma e “face a face”, um longo telefonema, o atendimento pessoal/humano nos estabelecimentos e nos serviços, o livro físico, o disco em vinil, a decoração e a construção “antiga”, por vezes com material de “demolição”, rodas de conversa e de leitura (bem como de poesias e de música), clubes de trocas de livros, troca de roupas em estímulo à economia circular etc. etc.
Será mesmo que ainda podemos defender que a vida estressante das grandes metrópoles, e do mundo “moderno”, que nos “obriga” a viver em meio a enormes torres de concreto, em apartamentos minúsculos e caríssimos (que para serem construídos destroem a alma dos bairros, o acesso ao sol e ao ar, as casas com quintais, o verde, o lençol freático, o estilo de vida e a calma da região), trabalhar muito longe de casa enfrentando horas de congestionamentos e transportes públicos horríveis, vivendo sem espaço/verde/sol e sem condições de caminharmos por ruas que já não tem calçadas, em meio a correrias e barulho, lidando e “conversando” com “máquinas”, “escravos” da tecnologia, lutando por progressos, evoluções, modernidades e desenvolvimentos que talvez nem mesmo queiramos, seja de fato melhor?
A realidade já desaparecida, das crianças brincando livremente nas ruas, com pouco ou nenhum espaço para preconceitos, distinções e discriminações, correndo e se divertindo, foi abandonada. A “troca” pelo “divertimento” enclausurado, em ambiente “controlado”, com pessoas “semelhantes”, com uso de toda a tecnologia possível, é de fato uma evolução?
Há exemplos a festejar de um “retorno ao passado”, como demonstração do que de fato entendemos como evolução, com a luta pelo aumento da qualidade de vida, buscando hábitos, alimentação e estilos mais saudáveis, e considerados, também, mais sustentáveis. Em diversos casos, são coisas e hábitos que nos proporcionam, inclusive “experiências” (por vezes até mais caras do que as “mais modernas”).
Aprendamos que não existe o “jogar fora” sendo preciso repensar, reduzir, reutilizar, e em último caso efetivamente reciclar.
Essa reflexão é importantíssima, ampla, profunda, e urgente, pois a humanidade precisará tomar decisões que definirão a nossa vida, e a possibilidade ou não da continuidade da humanidade. E as organizações que são formadas por pessoas e para pessoas, também precisam!
Os grandes desastres climáticos são complexos, pois decorrem de diversas questões, causas e ações compostas por ocupação de áreas que jamais deveriam ter sido ocupadas, destruição de biomas e de regiões, poluição de todo tipo, mau uso de solo, água, fauna e flora etc. E precisam ser melhor entendidos, para que consigamos reduzi-los
Reflita, e você perceberá que precisa reavaliar seus hábitos e preferências, que o chamado progresso nem sempre é evolução.
Essa reflexão ajudará a entender mais sobre o E-ESG, demonstrando que não é modismo, ideologia, passageiro ou plenamente “optativo”, e muito menos fruto de preferências partidárias, pois depende de nós e de nossas escolhas diárias. Afinal, as organizações, os países, e o mundo todo, somente farão esses ajustes se a sociedade como um todo quiser. Repense!
Desenvolva-se e garanta sua certificação profissional em ESG
Inscreva-se agora no curso de Liderança ESG da LEC e posicione-se em busca de uma carreira de impacto.
Tenha acesso a conhecimentos e habilidades compartilhadas por profissionais que entendem do ramo e têm experiências práticas para compartilhar, ferramentas úteis e uma certificação reconhecida internacionalmente. Com este combo, você terá tudo o que precisa para se destacar em um mercado que não para de crescer.