O tema Diversidade e Inclusão é uma pauta que permeia boa parte das organizações no mundo inteiro. Sabe-se que atualmente as empresas buscam elevar sua credibilidade no mercado e atrair bons investidores demonstrando não apenas a efetividade do seu programa de Compliance, mas seu alinhamento às boas práticas de ESG, onde a diversidade e inclusão ganham espaço relevante. Em conversas com algumas pessoas, percebi que muitos se incomodam com o tema por interpretarem, erroneamente, como pauta política. “Na minha empresa me proibiram o uso de determinada palavra, por ela ser capacitista. A esquerda está tomando conta das empresas.” Esta foi uma de algumas expressões externalizadas por colegas, gerando real incômodo, pois apesar de estarmos em um país polarizado, especialmente em período recente de eleições, falar de diversidade e inclusão é falar de pessoas e pertencimento. Se tal termo gera conotação negativa, por que essa seria uma pauta política? No meu ponto de vista, deveria ser uma pauta moral.
Importante destacar que a diversidade e inclusão não se limita a causas específicas, o tema é abrangente e inclui LGBTQIA+, públicos menorizados, tais como: mulheres, pessoas com deficiência, pretos, além das diferenças sociais, geracionais e outros. É falar sobre qualquer pessoa que não se encaixa num padrão criado pela sociedade. É você criar condições de igualdade e garantir acessibilidade para um cadeirante, por exemplo. É dar uma oportunidade para um autista, alguém com síndrome de down. É ser empático com uma mãe que se vira em inúmeros turnos para dar conta de tudo, enquanto o filho arde em febre. É olhar para a mulher com a igualdade e o respeito que ela merece, sem que ela precise trabalhar em excesso para se provar superior aos homens. É falar de igualdade de salários nas organizações, promover acesso e condições de trabalho para pessoas na 3ª idade e garantir que qualquer pessoa possa professar sua fé sem ser discriminada.
Percebe que quando englobamos tantas outras questões, ele fica mais visível? Nos tornamos mais empáticos quando abrimos o leque da diversidade. É perceber o real impacto que estas ações geram na sociedade, que vão além do cumprimento de metas e indicadores publicados
ao mercado. Esta causa promove oportunidades igualitárias, logo uma sociedade mais justa. Importante lembrar que empresas com cultura mais diversa e inclusa, se destacam em resultados. Em bons resultados. No momento em que a empresa se posiciona sobre o tema e promove a verdadeira educação dos colaboradores, independente de crenças pessoais, ela reforça que pessoas importam. Reforça que cada um ali importa, que empresas são feitas de pessoas e não números. Profissionais de RH, e até mesmo Compliance, devem estabelecer métricas para atuação no que é mais urgente nas organizações. Como exemplo dessas métricas, podemos destacar o número de mulheres em cada cargo. É bastante comum dizer que na empresa temos um número aproximado de homens e mulheres, mas onde estão estabelecidos esses números? Será que quando falamos de cargos, esses mesmos números são de fato aproximados? Essa é uma métrica importante para ser compartilhada com a diretoria executiva e até mesmo com o conselho de administração. Quando falamos em números, métricas, eles não deixam mentir e diagnosticar a real situação da companhia.
O empregado, por sua vez, se sente parte do todo quando há essa genuína preocupação das organizações, independente da sua condição social e preferências pessoais. Quando falamos de pessoas, falamos de respeito. Quando falamos de respeito, falamos de ética. Afinal, como diz Mário Sérgio Cortella, ética é a arte da convivência, a qual deve ser contemplado nos
Códigos de Conduta das organizações e em sua cultura organizacional, papel e responsabilidade social das empresas com relação ao tema. As empresas exigem dos colaboradores, exigem
resultados significativos, máxima eficiência operacional, exigem criatividade e habilidades diversas, no entanto, o mercado entende que empresas são feitas por pessoas, e que cuidar dessas pessoas é urgente e necessário. Indicadores expressivos de assédio moral nas empresas demonstram o quanto a liderança não está preparada para lidar com esses temas, lidar com essas questões. Quando a liderança não está preparada, ela não enxerga qualquer alteração comportamental no seu colaborador e em muitos casos, sem a ajuda desde o início, a saúde mental do colaborador acaba saindo do controle. E qual a consequência disso? Ausência de colaboradores, licenças, baixa produtividade, atestado em cima de atestado e a demissão desse colaborador, o que eleva os custos, não somente financeiros, mas também os reputacionais. Afinal, bons colaboradores, talentos, olham o quão rotativa a empresa é, o quanto as pessoas são felizes lá. Garantir o cuidado com os colaboradores, assim como com a saúde mental dessas pessoas, é inovador para a empresa. De acordo com a OMS, a cada 1 dólar investido com saúde mental dos colaboradores, a empresa passa a ter 4 dólares de retorno. Falar e cuidar de pessoas é também uma questão que não pode ser ignorada, ou deixada de lado. Construir um ambiente de trabalho saudável, é cuidar e respeitar todos que participam e fazem parte dos resultados da companhia. Portanto, dizer que falar e implementar diversidade e inclusão nas empresas é meramente político, burocrático e “mimimi”, é, no mínimo, leviano, raso e injusto. O tema é urgente e reforça a importância sobre pessoas, ética, igualdade, além de garantir o respeito e um ambiente de trabalho saudável. Diversidade e inclusão é sobre existir e resistir!
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