Denunciar uma situação de assédio, discriminação ou corrupção nunca foi uma tarefa simples. Exige coragem, confiança e a certeza de que a denúncia será tratada com seriedade, sigilo e respeito. No entanto, mesmo com o avanço dos programas de integridade nas empresas, muitos colaboradores ainda hesitam em falar — seja por medo de retaliação, descrença no processo ou pela sensação de que “nada vai mudar”.
É nesse contexto que a tecnologia, especialmente a inteligência artificial, passa a ter um papel transformador. Mais do que automatizar etapas, a IA pode ser um catalisador de confiança dentro dos canais de denúncia. Isso, claro, desde que seja usada com responsabilidade, transparência e empatia.
O paradoxo da confiança no mundo digital
A hiperconectividade, que nos trouxe velocidade e eficiência, também gerou insegurança. Muitos colaboradores se perguntam: “será que minha identidade será realmente protegida ao fazer uma denúncia?”, “o sistema vai saber que fui eu?”. A sensação de vigilância pode ser um grande inibidor do uso do canal, especialmente se o processo for pouco claro.
Por isso, o primeiro passo para aumentar a confiança é tornar o canal de denúncias verdadeiramente seguro e acessível. E aqui a inteligência artificial pode ser uma grande aliada, oferecendo uma experiência mais acolhedora, intuitiva e protegida.
Na clickCompliance, desenvolvemos um canal de denúncias por voz com atendimento inicial por IA justamente para resolver um ponto sensível: o primeiro contato. Para quem viveu uma situação difícil, esse momento pode ser o mais desafiador já que é quando o colaborador decide se vai ou não confiar na empresa.
Com o uso de IA generativa, conseguimos criar fluxos de conversa natural, com linguagem simples, empática e sem julgamentos. O colaborador é guiado passo a passo, com orientações claras sobre o processo, reforço sobre o sigilo das informações e, acima de tudo, liberdade para contar o que aconteceu no seu tempo.
Anonimato como premissa, não como promessa
Outro ponto crucial é garantir que o anonimato não seja apenas uma opção, mas uma premissa técnica do canal. Utilizando criptografia de ponta, servidores seguros e arquitetura de dados voltada à proteção da identidade, é possível oferecer uma denúncia verdadeiramente anônima.
Mais do que isso, a inteligência artificial ajuda a separar o que é essencial do que é sensível. Com os recursos certos, conseguimos extrair informações relevantes para a apuração, enquanto protegemos qualquer dado que possa identificar a pessoa denunciante.
Essa separação de camadas aumenta a segurança jurídica da empresa e protege o denunciante. E quando o colaborador percebe isso, a confiança cresce.
É importante ressaltar: a inteligência artificial não substitui o trabalho humano na análise de denúncias. Ela é uma ferramenta de apoio, que organiza informações, detecta padrões, sinaliza reincidências e prioriza casos com base em critérios objetivos. Mas quem decide são pessoas.
Esse equilíbrio é essencial para manter a confiança no programa de compliance. Quando bem utilizada, a IA evita sobrecarga da equipe, agiliza investigações e até ajuda a identificar pontos cegos que passariam despercebidos em análises manuais. Mas o julgamento ético e a tomada de decisão devem sempre ser humanos.
O que a confiança tem a ver com tudo isso?
Tudo. A confiança é a base de programa de compliance. Um canal de denúncias com atendimento por IA, quando bem desenhado, comunica ao colaborador que a empresa está investindo em escuta de verdade, que leva a sério o que ele tem a dizer, que se preocupa com sua experiência e que está aberta a se transformar.
A tecnologia, nesse caso, não afasta. Pelo contrário: aproxima. Mostra que o compliance não é um setor burocrático, mas um aliado do ambiente de trabalho saudável e justo.
O futuro do compliance passa pela inteligência artificial: uma tecnologia a serviço da escuta, da proteção e da cultura ética. Uma IA que possibilita que os canais de denúncia sejam ferramentas reais de transformação.
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Conteúdo oferecido por: Marcelo Erthal, CEO da clickCompliance
As opiniões contidas nesta publicação são de responsabilidade exclusiva do Autor, não representando necessariamente a opinião da LEC ou de seus sócios.
Imagem: Canva