Pode parecer óbvio e básico para muitos, mas temos observado que ainda não são todas as organizações, e nem todos os investidores, executivos e consultores que efetivamente entendem que empresas mais sustentáveis são também melhores, mais modernas, inovadoras e criativas, têm menos problemas, recebem menos multas, ganham mais dinheiro, valem mais – e duram mais.
Ainda vemos muitas empresas que não prestigiam de fato a boa governança corporativa, o “compliance”, a ética e a efetiva preocupação socioambiental, recusando-se a rever e a melhorar processos e procedimentos, fluxos, programas e políticas, insistindo em escolhas e em decisões baseadas em “lógicas” ultrapassadas. Costumam ser as que não se preocupam com escândalos e desastres, e que não percebem que, cedo ou tarde, também elas serão ultrapassadas.
Diversas atividades e práticas de gestão já não encontram apoio no mercado de capitais, em especial, nos segmentos mais conscientes, e estão com os dias contados no mercado de crédito e dívida, sendo que outras tantas estão com atratividade e “valuation” em queda para parcerias e negócios de fusões e aquisições. E tendem a perder parcerias, mercados e até concessões.
Empresas menos diversas são menos criativas e inovadoras, menos responsáveis, evoluem pouco, consideram menos questões e aspectos na tomada de decisão e tendem a ter cada vez mais dificuldade para atrair e manter colaboradores (especialmente talentos), parceiros, clientes e consumidores. E esse conjunto de “erros” afastará financiamentos e investimentos.
O tema é forte em questões sociais e ambientais, mas é essencialmente corporativo e envolve visões mais evoluídas e modernas de como se gera valor e ganha dinheiro, abandonando ideias, visões e práticas já superadas e insustentáveis, que tendem a gerar acidentes, revoltas, críticas, escândalos, produtos e serviços inadequados, por não perceberem que a sociedade e as pessoas mudam o tempo todo. E que todos precisam evoluir.
Precisamos passar a transformar problemas em oportunidades, resíduos (que para alguns ainda são “lixo”) em matérias primas e visões “diferentes” (muitas vezes de pessoas “diferentes”) em “oceanos azuis”, reduzindo perdas e maximizando ganhos.
Nada disso é questão de opinião, nem de modismo e nem de ideologia, pois a questão central é que precisamos de empresas melhores, que impactem positivamente a sociedade e o Planeta, que ofereçam produtos e serviços melhores, que conheçam melhor os riscos, que se preocupem com seus resíduos e suas pessoas e comunidades, e que percebam que é preciso construir valor e gerar lucro através de escolhas melhores e mais conscientes – que não gerem dinheiro de forma efêmera e a custos altíssimos (em todos os aspectos).
Se a sociedade contemporânea está prestigiando organizações (e marcas) conscientes e sustentáveis para comprar, para trabalhar, para investir e para realizar negócios, é natural que as “demais” terão cada vez menos condições de seguirem operando.
Práticas “antiquadas” (e já condenadas) podem “até” gerar dinheiro e lucro, por algum tempo, mas a um custo muito alto (direto e indireto), com vários riscos e problemas, que, na prática, tendem a consumir esse “lucro” com o tempo, afastando a possibilidade de se manterem com a mesma pujança no mercado ao longo do tempo.
Já se percebe que de nada adianta gerar dinheiro e caixa a “custas” de problemas, acidentes, contingências e responsabilidades, que na prática só produzem prejuízos. Além do altíssimo custo com a perda de reputação e de imagem.
São práticas que em geral já não “passam” por crivos simples em “due diligences”, e nem são aceitas em boas práticas de governança e de “compliance”.
Empresas e negócios não sustentáveis correrão riscos cada vez maiores, terão menos acesso a financiamentos e a investimentos (e com taxas “péssimas”), deixarão de comercializar com empresas conscientes e comprometidas, terão imagem ruim no mercado e junto aos consumidores, e tendem a ter mais multas, processos, problemas e perdas de colaboradores.
Temos acompanhado o crescimento exponencial de temas ESG nas assembléias gerais, nas reuniões de conselhos e de diretorias, nos encontros de mercado e com investidores, assim como em congressos e seminários, mas ainda se vê muitas dúvidas e questões que já foram explicadas e dirimidas há muito tempo.
E ainda vemos, inclusive “na mídia” e em eventos, pessoas “atacando” o conceito, ou buscando justificativas “absurdas” para não aplicar nem mesmo as bases do ESG. Além de vermos alguns culpando “esta ou aquela crise” para tentar justificar a manutenção de manter práticas insustentáveis, como se empreendedores experientes não estivessem acostumados com crises, guerras etc.
Essa constatação demonstra que o tema cresceu e está gerando debates, o que é positivo, mas igualmente reforça a importância de continuarmos abordando aspectos que são estruturais e fundamentais e que acreditávamos já terem sido superados.
Ainda vemos com frequência alegações infundadas a respeito do tema, ataques sem sentido e, via de regra, reclamações, que demonstram completa falta de conhecimento (na melhor das hipóteses).
A maioria das pessoas que ainda atacam ou refutam o ESG, não conhece de fato o tema, a sua amplitude, o seu alcance e o seu efetivo valor para os negócios e para as organizações. Ou está comprometida com conceitos antigos e ultrapassados, práticas insustentáveis, ou setores que “não querem evoluir”.
Todos sabemos que ESG é grande e complexo, e que se trata de um conceito em constante evolução, de forma que não existem fórmulas prontas ou gerais, e que não se pode tratar todas as organizações da mesma forma.
Sabemos, também, que não adianta “simplesmente” criar uma área de ESG, ou contratar uma grande consultoria internacional para “resolver tudo”. O caminho é amplo, longo e orgânico – e demanda compromisso e seriedade.
Temos que analisar empresa por empresa, unidade por unidade, realidade por realidade, cultura por cultura, “problema por problema” e contexto por contexto; pois o negócio com um todo precisa melhorar e evoluir, para que consiga de fato maior sustentabilidade e rentabilidade. Muitos precisam “reinventar-se”.
Cada organização tem o seu negócio, as suas características e peculiaridades, a sua cultura, a sua realidade e as suas demandas, que não podem nem mesmo ser setorizadas, sendo preciso que se avalie de forma profunda e específica todos os aspectos do tema.
Muitas empresas precisarão ter a coragem de “fazer as coisas de outra forma”, inovando para valer (sem cair na armadilha de apenas automatizar rotinas), buscando formas efetivamente melhores (e não apenas mais baratas) de operar.
Aplicar o conceito ESG não é nem fácil e nem difícil, nem rápido e nem demorado, e nem barato e nem caro, pois não se pode generalizar. Mas é o certo a se fazer, e será fundamental na sobrevivência dos negócios que pretendem ter algum “futuro”.
A jornada ESG é permanente, e o importante é começar logo, com verdade e seriedade, amparando-se nos comitês internos dedicados ao ESG, e evoluir sempre.
Precisamos de organizações melhores, mais sustentáveis, mais rentáveis, preocupadas com seus impactos, que queiram melhorar todos os dias – e que gerem maior impacto positivo nas pessoas e no Planeta.
Quem não se preocupa com o impacto de suas decisões, escolhas e atividades e só gera os “negativos” em breve não estará no mercado.
Temos que conhecer mais sobre o tema, estudar mais, considerar mais aspectos e entender os motivos concretos pelos quais precisamos implantar essa nova mentalidade nas organizações.
Repetimos que ESG vale muito dinheiro – cria valor, reduz perdas, multas, acidentes e processos, melhora investimentos, melhora reputação, gera fidelidade corporativa, atrai e retém talentos, melhora reputação, melhora parcerias e, por enquanto, ainda é relativamente optativo, mas tende a ser cada vez mais difundido e cobrado, e quem demorar a entender terá perdido muito tempo, oportunidades e dinheiro. Ou seja, é muito mais do que “apenas” consciência e responsabilidade.
Para quem não acompanhava a importância e o alcance dos temas que pautam o conceito ESG (especialmente em organizações com pouca ou nenhuma governança corporativa efetiva) e a sua evolução ao longo das últimas décadas, e agora pensa que o tema seja “novo” ou “passageiro” – Repense!
Inovação não se confunde com automação e melhoria de processos não se resume a redução de custos e ganhos de escala, precisamos construir organizações efetivamente mais sustentáveis, rentáveis, responsáveis e mais “evoluídas” – que não se percam, por exemplo, em meras terceirizações para reduzir custos ou afastar responsabilidades, mas que foquem em melhorias reais e efetivas.
Um dos aspectos que ainda não estão claros para muitas organizações é a importância e a urgência da mentalidade ESG, que é bem mais ampla e profunda do que adotar apenas algumas pequenas ações isoladas. E a realidade de que ele gera valor, e dinheiro.
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