O ambiente de startups no Brasil está totalmente aquecido. Desde o surgimento da Abstartups (Associação Brasileira de Startups) até julho de 2017 eram mais de 4,2 mil filiadas a associação, apresentando em geral características como inovação, escalabilidade, flexibilidade e rapidez em seu cerne.
Essas organizações enxutas trazem novos caminhos e inovações tecnológicas para resolver grandes problemas de muitas grandes empresas.
Em sua maioria, concentram-se em SP (31%) e em outras 9 comunidades de startups espalhadas no Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste Brasileiros.
E o mais relevante para nosso assunto: grande parte dessas startups, 77% de acordo com uma radiografia realizada pela Abstartups, atende clientes corporativos.
Como muitas destas startups operam com um orçamento apertado, vemos então uma tendência a deixar o Compliance e algumas outras regulações para um “dia perfeito” sendo que isso pode até custar a operação desta.
Uma vez que o Compliance é associado a processos caros, complicados e condizentes apenas com empresas de grande porte.
Ao invés disso, apresentaremos algumas razões para aplicar o Compliance em todos seus processos e produtos desde o início, construindo uma visão de negócio muito mais segura.
1. Regras escritas são mais claras
Programas de compliance e governança corporativa não são para pendurar na parede e avaliar quão bem escritos estão.
Os padrões de interação entre os funcionários, fornecedores, formas corretas de se fazer algo são ditados pelos líderes. No caso destes líderes não possuírem um guia escrito pode haver espaço para oportunismo, conflito de interesses e esses podem ser os princípios de uma cultura organizacional.
Em um cenário ideal, há o desenvolvimento de um guia de conduta que é apresentado aos líderes inibindo comportamentos oportunistas ou conflitantes com os interesses da empresa.
E sempre que houver dúvida quanto ao comportamento de um líder ou um funcionário, pode-se recorrer ao guia de conduta e tomar uma decisão objetiva.
Uma vez que você não escreve o código de conduta, permite qualquer postura. Ao descrevê-lo, sabe-se quais são os comportamentos aceitos e como agir diante de algo irregular.
2. O Compliance pode assegurar sua sobrevivência
Programas de Compliance pedem configuração de procedimentos e produtos para que haja padronização e adequação às leis e regulamentações vigentes.
Aparentemente este custo parece grande ao primeiro momento, durante a estruturação de uma startup, mas essa estimativa é fruto de um cálculo errôneo. Não estar em compliance pode ser muito mais caro, imagine que seu negócio esteja realizando alguma atividade irregular, nesse momento você está sujeito a multas, leis severas que podem devorar todo seu lucro.
Então avalie com sua equipe qual a melhor forma de investir o dinheiro da sua empresa: construindo um programa que previne perdas e comportamentos ilícitos e pode garantir a sobrevivência de sua empresa ou pagando multas devido à liberdade que sua equipe teve ao tomar inúmeras decisões?
3. Traz uma boa reputação
Vivemos a era da informação, nossos consumidores e usuários são hoje grandes pesquisadores de todas as marcas que consomem.
Toda essa curiosidade, pode trazer notícias e comportamentos agradáveis ou não para ele e o relacionamento com sua marca pode sofrer.
Uma vez que sua empresa está pautada em um bom programa de Compliance, as relações com consumidores, funcionários, parceiros, fornecedores estão todas saudáveis e protegidas.
Quando sua empresa satisfaz todas essas frentes e até excede as expectativas de cada uma das partes é bem provável que nasça uma reputação impecável. Essa reputação traz uma boa relação com a comunidade, confiança dos investidores e admiração do consumidor.
Dessa forma, agir corretamente traz inúmeros benefícios, inclusive o de seu consumidor tornar-se mais predispostos a continuar o relacionamento e ser um advogado da marca.
Já o outro cenário, o de não agir em Compliance, traz o oposto, uma imagem deteriorada diante dos consumidores e investidores, insegurança para os fornecedores e muitos outros malefícios.
Dessa forma, é visível: um programa de Compliance não é tão caro quanto imagina-se. Quanto mais introduzido em seus processos e produtos, mais benefícios sua startup terá.
Processos simples de Compliance não incluem a contratação de advogados ou ferramentas caríssimas, havendo uma pessoa designada para manter-se atualizada das leis reguladoras no Brasil (Lei Anticorrupção, LGPD, entre outras) e disposta a investigar e averiguar as relações já pode-se iniciar um programa de Compliance.
Este texto foi escrito em parceria com a upLexis, uma empresa de mineração de dados, responsável por aplicação de centenas de consultas cruciais para programas de Compliance.
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