Lidar com terceiros é hoje, muito provavelmente, a preocupação número um para boa parte dos compliance officers mundo afora. E, os motivos para essa preocupação existem e são grandes. Uma recente pesquisa realizada pela empresa Kroll apontou que 55% dos entrevistados relataram já terem identificados problemas legais, de ética ou compliance em terceiros após a realização de diligências.
Só que 40% dos respondentes afirmam não terem identificado os problemas no momento da validação do parceiro. E mais, um terço deles acabou descobrindo que esses problemas foram ocultados no momento em que o parceiro era validado pela empresa contratante.
Com o aumento na complexidade das cadeias de abastecimento e, na outra ponta, das operações comerciais, questões importantes envolvendo riscos dos parceiros, geralmente, acontecem após o fechamento do acordo. A pesquisa aponta que são vários os motivos geradores dos problemas. Da falta de uma conduta adequada após o fechamento do acordo (que até então eram “maquiadas” ou escondidas) até bandeiras vermelhas não identificadas por conta de uma due diligence inicial com escopo e profundidades inadequadas. Segundo a pesquisa da Kroll, a maneira mais comum para detectar os problemas é o monitoramento contínuo dos parceiros.
A pesquisa da Kroll mostra um ceticismo em relação aos riscos relacionados à corrupção. Para a maioria dos respondentes, o cenário não está melhorando. Um terço dos entrevistados espera que seus riscos nessa área aumentem. E os maiores riscos são justamente as violações por terceiros, ao menos na opinião de quem participou da pesquisa. A complexidade do ambiente regulatório global e pagamentos inadequados realizados por funcionários da empresa também são pontos de preocupação para as empresas, sendo apontados por 14% e 12% dos entrevistados, respectivamente, bem menos do que os problemas gerados “fora da empresa”.
O próprio risco reputacional gerado por terceiros, que na versão anterior da pesquisa eram classificados como o motivo menos provável para que um terceiro falhasse no processo de avaliação conduzido pela contratante, agora, foi apontado como o motivo mais provável.
Um dado interessante da pesquisa global é que os responsáveis pela gestão dos esforços de combate à corrupção nas empresas declaram que têm sido muito apoiados pelos diretores financeiros. Para a Kroll, isso não chega a surpreender, já que a equipe de finanças, muitas vezes, tem uma visão global das operações das empresas multinacionais por meio de controles contábeis transnacionais complexos e maior conhecimento sobre os costumes em relação aos mecanismos de pagamento locais.
Essa reportagem foi publicada originalmente na edição XIX da Revista LEC. Gostou? Clique aqui para assinar a Revista LEC gratuitamente e receber a versão digital completa.