Um remédio na dose errada pode matar.
Essa frase simples traduz a importância de pensar na proporcionalidade das nossas ações, seja em casa, na escola ou no mundo corporativo.
Quando a dose é excessiva, a intenção de curar pode virar veneno. E quando é insuficiente, a omissão pode abrir espaço para o problema se agravar. O desafio está em encontrar o equilíbrio: firmeza que corrige, mas não adoece; disciplina que educa, mas não destrói.
Michel Foucault nos ensinou em Vigiar e Punir que a punição, quando aplicada sem educação e sem consciência, não transforma. Apenas controla. Apenas estigmatiza. Apenas vigia.
Prevenção e penalidades: dois pilares inseparáveis
No universo da integridade, aprendemos que há dois pilares que se sustentam mutuamente: prevenção e penalidades.
- Prevenção é o investimento diário em diálogo, comunicação clara, treinamento, escuta ativa, orientação constante. É a pedagogia silenciosa que evita que erros se repitam.
- Penalidades são a consequência natural quando há violação. Mas precisam ser dosadas com sensatez: muito pouco, e a norma perde credibilidade; em excesso, e o efeito pode ser devastador.
A falta de dose adequada pode ser tão perigosa quanto a ausência de resposta.
Ambientes de proteção e evolução
A escola, assim como a família e as organizações, é um ambiente de proteção. É lugar de aprendizagem, de preparação para o futuro, de revelar o invisível.
Ali, a medida aplicada não pode ser mero reflexo de um regulamento engessado. Ela deve considerar a realidade concreta, o impacto humano, e principalmente a oportunidade de evolução. Porque cada ato disciplinar carrega em si uma escolha: será que estamos corrigindo para fortalecer ou punindo para fragilizar?
Educar é mais do que aplicar regras. É formar caráter. É preparar o outro para o mundo que um dia enfrentará sozinho.
Como dizia um saudoso chefe que tive, “não importa ganhar a discussão, importa ganhar a eleição”. E aqui, eleição significa alcançar o equilíbrio que buscamos na formação de pessoas com condutas éticas, humanas e voltadas ao bem-estar coletivo. É combater o bom combate diário para que, ao alcançarmos esse nível de consciência e relacionamento em sociedade, possamos enfim dizer que vencemos a batalha.
O equilíbrio que sustenta a integridade
O evangelista Altomir Rangel resume com precisão:
“Toda falta de equilíbrio é beira, e toda beira é precipício.”
No fundo, a integridade é exatamente isso: a arte de aplicar a dose certa.
Nem omissão, nem excesso. Nem fraqueza, nem dureza cega.
Seja numa empresa, num lar ou numa escola, a integridade floresce quando conseguimos unir firmeza e sensibilidade, disciplina e humanidade. Quando entendemos que corrigir é proteger, e que punir sem ensinar é desperdiçar a chance de evoluir.
Porque o que sustenta o coletivo — na ordem, no progresso e no amor — não é apenas a norma, mas a capacidade de aplicá-la com equilíbrio.
Um convite
Que essa reflexão não fique apenas no papel.
Que possamos unir forças e participar mais ativamente da construção da formação, seja nas escolas, nas empresas, em casa ou no mercado.
A evolução não acontece sozinha: ela depende do nosso engajamento, do nosso olhar atento e da nossa disposição em aplicar diariamente o remédio na dose certa.
Quando prevenimos, educamos e punimos com equilíbrio, não apenas curamos. Plantamos futuro.
Remédio na dose certa cura. Educa. E gera futuro.
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