Veja agora os profissionais que podem atuar na área de compliance.
Os diversos escândalos de corrupção que o Brasil tem enfrentado na última década deram aquele empurrão que faltava para que entrasse em vigor a Lei 12.846/13, conhecida como Lei Anticorrupção ou Lei da Empresa Limpa. Com isso, as corporações têm se preocupado cada vez mais com o cumprimento de normas e a adoção de processos éticos de trabalho, o que é positivo para a ascensão do compliance no país.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, essa não é uma profissão exclusiva dos advogados ou formados em direito. Profissionais das mais diversas formações podem alcançar o sucesso em compliance, desde que se preparem tecnicamente e desenvolvam as habilidades necessárias.
No post de hoje, vamos falar sobre quem pode trabalhar com compliance e o que fazer para ser bem-sucedido em uma carreira como compliance officer ou diretor de compliance. Acompanhe!
O que é compliance?
Compliance é a área responsável pela difusão de uma cultura corporativa de cumprimento de leis, regulamentos, normas internas e externas, entre outros. Em mercados como o dos Estados Unidos, a área já é bastante madura. No entanto, no Brasil, o crescimento e amadurecimento tem acontecido de forma exponencial depois da entrada em vigor da referida Lei 12.846/13 e das crescentes denúncias de corrupção dentro das empresas.
Quais habilidades o profissional de compliance deve ter?
Embora a área de compliance esteja em franca expansão, ainda há uma carência de profissionais qualificados para atuar nas organizações. Como dissemos, não é necessário que o compliance officer seja advogado ou formado em Direito, mas é indispensável que ele se prepare tecnicamente para conhecer a fundo os 9 pilares do programa de compliance. Além disso, desenvolver todas ou a maior parte destas 8 habilidades elencadas nos tópicos abaixo pode aumentar sensivelmente as chances de sucesso.
1. Diplomacia
O profissional de compliance precisa se relacionar com todos os níveis hierárquicos da empresa para conseguir transmitir orientações, do presidente ao estagiário, sobre como desenvolver o trabalho de acordo com o programa. Algumas resistências são naturalmente encontradas. Por isso, é importante que o compliance officer saiba ser diplomático, tenha um bom poder de escuta e argumentação e que se adeque a todos os ambientes, sem passar uma imagem de arrogante ou de xerife.
2. Resiliência
Resiliência é a capacidade de lidar com problemas, superar obstáculos e resistir a pressões diversas sem desistir ou desanimar. É uma habilidade importante para o compliance officer, tendo em vista que ele enfrentará caminhos tortuosos na implementação do programa de compliance na empresa.
3. Comunicação
O compliance officer vai lidar com todos os tipos de pessoas ao conduzir treinamentos e comunicar as diretrizes de compliance. Portanto, ele deve saber passar a sua mensagem e ser compreendido nas mais diversas situações. Colaboradores que atuam em contato direto com funcionários públicos, por exemplo, vão precisar alcançar um entendimento maior e mais aprofundado sobre os limites do programa de compliance, enquanto trabalhadores que exercem suas atividades internamente, operando máquinas, poderão conhecer apenas o essencial. Conseguir adequar a linguagem ao cenário também pode contribuir com a clareza da comunicação.
4. Persuasão
O trabalho do compliance officer inclui, muitas vezes, convencer outros colaboradores e terceiros a fazer o trabalho de uma forma diferente da de costume. Você pode imaginar que essa não é uma tarefa exatamente simples, especialmente quando diante de hábitos antigos de pessoas com muitos anos de profissão. Portanto, é necessário ter uma boa capacidade de persuasão.
Neste tema, é essencial ter segurança sobre o seu conhecimento técnico e sobre as informações passadas, principalmente acerca do impacto positivo que a aplicação das mudanças trará para o desempenho corporativo.
5. Visão estratégica
Quem trabalha com compliance deve ter a habilidade de enxergar o cenário como um todo para depois definir os objetivos menores. Como já disse uma vez o Alexandre Serpa, diretor de compliance e coordenador do Curso de Compliance Anticorrupção da LEC, é saber se há um incêndio na floresta, sem esquecer de cuidar de cada uma das árvores por lá.
O compliance officer deve considerar os 9 pilares do programa de compliance com uma grande engrenagem, que não funciona adequadamente se estiver incompleta, desde a fase de implementação, mas também durante o desenvolvimento e gestão do programa.
6. Integridade
Como dissemos, compliance é a área responsável pelo desenvolvimento de uma cultura corporativa de cumprimento de normas. É importante ter em mente, portanto, que o desempenho da empresa nesta missão depende também da integridade do profissional que trabalha em prol do cumprimento das políticas internas de compliance, para que elas sejam colocadas em prática. Para garantir o comprometimento da equipe, é importante sempre dar o exemplo, não cedendo às pressões internas ou externas para a realização de negócios de ética questionável.
7. Conhecimento dos serviços prestados pela empresa
Para ser um bom profissional de compliance, é importante ter um amplo conhecimento sobre o negócio e o mercado em que a empresa está envolvida. Se estamos falando de uma instituição financeira, por exemplo, o compliance officer deve entender desde os produtos oferecidos na agência, como cartões de crédito, cheques e consórcios, até o comportamento do mercado financeiro e sua regulação, para melhor compreensão do trabalho a ser desenvolvido e sua forma.
8. Entendimento da cultura da empresa
O profissional de compliance deve conhecer a cultura da empresa, o que inclui as regras escritas e até mesmo as não escritas. Entender quais são os valores que regem a organização, qual é o comportamento dos colaboradores, como eles se sentem, o que os motiva independentemente do cargo que ocupam, o apetite de risco da corporação, como ela se comporta em relação aos empregados, qual a preocupação com a qualidade de vida da equipe, entre outras coisas, tem muito valor.
Com essa compreensão, o compliance officer consegue mapear os problemas, propor e aplicar as medidas que melhor se encaixam, que são eficientes naquele ambiente. Essa habilidade é fundamental para traduzir aos empresários a importância de cumprir leis e regulamentos, obtendo verdadeiramente o suporte da alta administração.
Como migrar para a área de compliance?
Caso você tenha interesse por compliance e pretenda migrar de área, faça um planejamento para alcançar uma mudança de carreira com sucesso.
Comece procurando internamente as oportunidades, uma vez que a maioria das empresas costuma preferir o profissional que já conhece o negócio, a cultura e a dinâmica da corporação.
Além disso, é essencial buscar conhecimento, ler livros relacionados, conversar com quem já trabalha no ramo, fazer treinamentos, investir em um programa de coaching e estar aberto para novos aprendizados. Pode ser que, para a realização da mudança na carreira, seja necessário dar um passo para trás, no entanto, o importante é avaliar o cenário como um todo e ver se vale a pena.
O compliance tem se apresentado como uma ótima oportunidade, tanto para quem está ingressando no mercado de trabalho, quanto para quem está em busca de novas oportunidades, pois o mercado, que hoje é grande, não para de crescer e há mais vagas disponíveis do que profissionais qualificados para ocupá-las.
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Marcio El Kalay é sócio e diretor de novos negócios da LEC Legal, Ethics & Compliance. Advogado formado em Direito pelo Mackenzie, é especialista em processo civil e mestre em Ciências Jurídico-forenses pela Universidade de Coimbra, em Portugal.