As práticas éticas no ambiente corporativo são mais do que um conjunto de regras e este assunto será tratado neste artigo, com uma entrevista exclusiva com Matheus Cunha, sócio e diretor acadêmico na LEC.
Na introdução à conversa com a equipe da LEC, Matheus evocou as palavras do professor Clóvis de Barros, que define a ética como “a inteligência compartilhada a serviço do aperfeiçoamento da convivência”. Desse modo, propomos uma reflexão sobre a importância de práticas éticas estrategicamente aplicadas para gerar impactos positivos dentro das organizações, fundamentada na experiência de Matheus.
A importância das práticas éticas na rotina corporativa
Este é um tema complexo, portanto, se quisermos ter um resultado relevante no meio corporativo, é preciso torná-lo acessível, saindo de uma abordagem acadêmica e filosófica para algo mais próximo do dia a dia das pessoas.
Equipe LEC: Como foi a experiência de palestrar na Semana da Ética, promovida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e dos departamentos nacionais do SENAC e SESC, no RJ?
MC: “O evento foi muito bem organizado, desde a concepção, com destaque para o briefing que delineou as temáticas a serem abordadas e uma atenção especial voltada para a conduta ética no dia a dia das pessoas que representam organizações. A linguagem adotada foi pensada especialmente para evitar uma abordagem excessivamente acadêmica ou filosófica.
As equipes de Compliance da CNC, do SENAC/DN e SESC/DN, com apoio de áreas parceiras, e do time da LEC, uniram esforços para criar um evento personalizado, que superou as expectativas estabelecidas durante a fase de estruturação. Apesar da complexidade do tema, que muitas vezes é vinculado a dogmas, o evento buscou evitar abordagens simplistas. Dessa forma, o resultado foi um evento com conteúdos ricos e aprofundados, mas conduzido com leveza, interatividade e até mesmo com alguns toques de humor, para engajar o público na construção de conhecimento”.
Como práticas éticas impactam a conduta diária dos(as) colaboradores(as)
Ao ser questionado sobre como as práticas éticas impactam o dia a dia dos(as) colaboradores(as) nas organizações, Matheus refletiu sobre o senso de coletividade que é refletido na conduta ética, dentro e fora do meio corporativo.
Equipe LEC: Como práticas éticas impactam a conduta diária dos(as) colaboradores(as)? Você poderia compartilhar exemplos práticos de implementação bem-sucedida de práticas éticas em organizações?
MC: “O senso de atuação ética é muito carente em sociedade, de forma geral. Podemos ter como exemplo uma situação cotidiana no trânsito de São Paulo: Quantas vezes estamos parados em uma fila, esperando para entrar em uma rua, mas alguém passa na frente? Se não for uma emergência, o que justifica essa atitude? O que faz essa pessoa pensar que o tempo dela vale mais que o meu, a ponto dela não precisar esperar, como eu? Como disse, esse senso de convivência coletiva é carente em nossa sociedade e também é refletido no ambiente corporativo, o que traz à tona riscos de diversos níveis de gravidade, que vão desde conflitos de relacionamentos até a condutas assediosas, fraudulentas e o cometimento de crimes, que podem expor a organização a problemas maiores, de ordem reputacional e de responsabilização, como multas e indenizações.”
Ainda, em resposta à pergunta, Matheus abordou que para ter um impacto positivo de diminuição dos riscos e até de proporcionar um ambiente mais amistoso e agradável dentro das empresas, é preciso tratar da temática de forma educativa, mas também envolvente:
“Por isso, abordar essa temática nos permite apoiar a empresa para trazer o conhecimento com relação à uma conduta eticamente esperada nos códigos, nas políticas corporativas, entre outros instrumentos. Também é importante que não sejam apenas ferramentas rígidas, mas que permitam trabalhar a consciência coletiva de outras formas para tornar o ambiente mais amistoso e mais agradável, diminuindo os conflitos e dilemas, mas também outros pontos de vulnerabilidades das organizações”.
3 óticas dos desafios enfrentados pelas empresas para promover as práticas éticas
Desafios conceituais, culturais e organizacionais marcaram a resposta do sócio da LEC sobre a promoção das práticas éticas, que explanou sobre como superar barreiras e criar uma cultura ética, sólida e duradoura nas organizações.
Equipe LEC: Quais são os desafios comuns enfrentados por empresas ao promover práticas éticas e como enfrentá-los?
MC: “Expor para as pessoas o que é ter um comportamento eticamente esperado, mas sem tornar esse conteúdo “engessado”, é um desafio conceitual. O outro desafio é cultural, já que nossa sociedade é marcada por ações que revelam a falta de senso de coletividade, como mencionado, que são refletidas no ambiente corporativo. Já a terceira, é organizacional. Pois, diante desses dois desafios citados primeiro, saber como expor o tema de forma leve e interessante, mas continuamente, também se torna um desafio”.
Matheus acrescentou que para este conhecimento ter um impacto real nas organizações, é preciso ir além de eventos pontuais, é necessário que seja compartilhado de uma maneira mais estratégica e personalizada, o que pode variar dentro da realidade de cada empresa.
Como sair do conhecimento superficial em Compliance
Ir além do superficial quando o assunto é Compliance é vital, assim como em qualquer outra área que um profissional deseje crescer e prosperar. Matheus Cunha também deixou dois conselhos sobre como aprofundar o conhecimento nessa área, indo além do básico para ganhar vantagem competitiva.
Equipe LEC: Como sócio e diretor acadêmico da maior comunidade de Compliance do Brasil, como você poderia aconselhar os profissionais que querem fazer a diferença nesta área, implementando práticas éticas?
MC: “Buscar conhecimento sólido é o primeiro passo. Espero que as pessoas não se limitem a conhecimentos rasos, mas busquem aprender com instituições sólidas, como a LEC, pois isso é um grande diferencial. O segundo passo é se dedicar a projetos sólidos. Trabalhar com a disseminação da cultura ética é como trabalhar com uma obra de porcelana sensível, que demanda atenção nos detalhes, sem abrir mão do todo”.
Matheus também deixou um questionamento: “De que adianta você querer fazer um trabalho sólido em uma organização que não se preocupa com o resultado do seu trabalho?”.
O sócio e diretor acadêmico da LEC ainda reforçou que é preciso ter atenção às oportunidades de carreira que possam surgir, como de projetos em que os profissionais podem não somente prestar um serviço, mas também contar com o apoio total da empresa para criar um programa de conscientização, completando que: “para ter e aproveitar essa oportunidade, é preciso ter o conhecimento, o que me faz reforçar novamente o primeiro passo”.
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