Um programa de sustentabilidade ou um programa ESG, ou melhor dizendo, um sistema ESG, vai muito além dos significados da sigla e abrange interações entre diversas áreas internas, práticas, metodologias e mecanismos, intrínsecos às dinâmicas das empresas.
A definição de uma estratégia eficaz para implementar programas de sustentabilidade e sistemas ESG nas organizações passa pela estrutura de governança corporativa, composta pelos chamados agentes de governança, tais como sócios, conselheiros de administração, diretores, membros dos comitês de assessoramento, dentre outros, independentemente do porte, segmento e ramo de atuação. Ou seja, a governança corporativa é o pilar central para a implementação de práticas sustentáveis nas empresas, baseadas no contínuo aprimoramento da cultura ética e desempenho de suas funções com diligência, independência e com vistas à geração de valor sustentável no longo prazo, assumindo a responsabilidade pelas consequências de seus atos e omissões. Além disso, prestar contas de sua atuação, cientes de que suas decisões podem não apenas responsabilizá-los individualmente, como impactar a organização, suas partes interessadas (stakeholders) e o meio ambiente.
Segundo a definição do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC, atualizada em agosto de 2023, “Governança Corporativa é um sistema formado por princípios, regras, estruturas e processos pelo qual as organizações são dirigidas e monitoradas, com vistas à geração de valor sustentável para a organização, para seus sócios e para a sociedade em geral. Esse sistema baliza a atuação dos agentes de governança e demais indivíduos de uma organização na busca pelo equilíbrio entre os interesses de todas as partes, contribuindo positivamente para a sociedade e para o meio ambiente”.
Um dos princípios inseridos na 6ª edição do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa é justamente a Sustentabilidade. Em síntese, “zelar pela viabilidade econômico-financeira da organização, reduzir as externalidades negativas de seus negócios e operações, e aumentar as positivas, levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, natural, reputacional) no curto, médio e longo prazos. Nessa perspectiva, compreender que as organizações atuam em uma relação de interdependência com os ecossistemas social, econômico e ambiental, fortalecendo seu protagonismo e suas responsabilidades perante a sociedade”.
Muitos são os temas que relacionados à Governança Corporativa, pública e privada, seja direta ou indiretamente e, só para citar alguns: Estrutura de propriedade; processo
decisório; sucessão de lideranças; fluxos de informações; gestão familiar; relacionamento com órgãos reguladores e investidores; conflitos de interesses; cultura organizacional, regime de responsabilização, gerenciamento de riscos, controles internos, compliance, auditorias, inovação e transformação digital, dentre outros.
Sobre riscos ESG, cabe destacar que a boa governança direciona a identificação, avaliação e auxilia o seu gerenciamento para questões relacionadas a riscos sociais, ambientais, climáticos, mudanças regulatórias e riscos de terceiros, só para ilustrar alguns exemplos.
Nesse sentido, fica fácil concluir que a boa governança corporativa passa por práticas efetivas conduzidas por profissionais capacitados e que tenham visão de longo prazo. Vale lembrar que, no mundo corporativo, longo prazo é logo ali.
Por outro lado, existe um fenômeno crescente que ameaça a integridade da governança corporativa: o boardwashing. Similar ao conceito de greenwashing, onde as empresas fazem reivindicações enganosas sobre suas práticas ambientais e sociais, o boardwashing ocorre quando as empresas apresentam uma aparência de governança corporativa robusta, sem a essência real de supervisão e responsabilidade. As empresas, sob a aparência de governança robusta, muitas vezes negligenciam a verdadeira supervisão e responsabilidade.
Para planejar e desenvolver estrategicamente o tema ESG nas organizações, é necessária realizar um diagnóstico da situação atual e o mapeamento das lacunas de governança, por meio de etapas: (i) Identificar os pontos críticos de governança; (ii) Criar uma agenda positiva de governança; e (iii) Avaliar a cultura predominante, inclusive a cultura ética, perfil das lideranças, diversidade e ambiente de controles. Vale lembrar que há duas governanças: uma com foco interno e outra com foco externo.
Outro ponto que a governança corporativa não pode perder de vista é o acesso ao capital. Investidores, cada vez mais, consideram fatores ESG ao tomar decisões sobre investimentos. Empresas com sólidas práticas de governança corporativa relacionadas a questões ESG podem atrair investidores com olhar voltado à sustentabilidade e responsabilidade corporativa, ampliando assim as possibilidades de acesso ao capital. Esse tema na seara ESG está relacionado à disciplina de finanças sustentáveis.
Por fim, pode-se concluir que a governança corporativa é um tema de alta complexidade e se coloca no centro do debate e das práticas ESG. Cada vez mais precisamos aprofundar os conhecimentos nessa seara para alavancarmos as empresas em um cenário cada vez mais exigente sobre iniciativas ESG. É um caminho sem volta.
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