Que as questões de sustentabilidade e responsabilidade corporativa estão em destaque como nunca antes, não é mais uma novidade. O termo “ESG” tem ganhado cada vez mais relevância. Mas o que exatamente significa ESG? E, mais especificamente, o que compreende a parte “S” desse acrônimo?
Para entendermos melhor o que está por trás do “S” do ESG e sua importância para as empresas, conversamos com a especialista em compliance e ESG, Karen Machado – Professora da LEC, Advogada e Consultora na área de ESG, Direito e Compliance Ambiental (CPC-A).
Com base em sua experiência e conhecimento no campo, exploramos os principais aspectos da parte Social do ESG e como as empresas podem abordá-los de maneira eficaz e relevante.
O que significa o S do ESG e por que ele é tão importante para as empresas?
ESG é um acrônimo para critérios que significam: Ambiental (E), Social (S) e Governança (G). Eles avaliam o desempenho de organizações em áreas que vão desde a gestão de recursos naturais até práticas trabalhistas, diversidade, Compliance, etc.
Estes conceitos, embora distintos, são interdependentes e fundamentais para a integridade de qualquer programa, política ou projeto de ESG.
A parte Social envolve pessoas, nesse sentido, é preciso avaliar todos os aspectos relacionados às pessoas, incluindo não apenas os colaboradores internos, mas também todas as partes interessadas que impactam ou são impactadas pela empresa, como por exemplo, os stakeholders e a comunidade do entorno.
A dimensão social do ESG aborda diretamente as relações humanas e suas complexidades, de acordo com Karen Machado, “ela é muito importante justamente porque as empresas são feitas de pessoas e são feitas para pessoas, então o impacto será de uma atuação que se importa e que tem métricas e metas relacionadas a um bom relacionamento social”.
Portanto, ela é indispensável, junto com as outras letras, para o sucesso de qualquer iniciativa ESG.
Ao reconhecer a importância das pessoas, uma empresa pode promover um ambiente de trabalho positivo, estabelecer relações construtivas e criar um impacto benéfico tanto para os envolvidos diretamente quanto para a comunidade em geral. A integração da dimensão social do ESG reflete não apenas um compromisso ético, mas também uma abordagem estratégica para o sucesso empresarial de longo prazo.
Aspectos-chave da parte Social do ESG
Quando falamos sobre a parte social do ESG, entramos em um contexto vasto de pontos de atenção. Desde a saúde e segurança dos colaboradores até a promoção da diversidade e inclusão, pois a parte Social engloba uma série de elementos-chave para o sucesso sustentável das organizações.
É fundamental não apenas compreender o que está envolvido nesses aspectos, mas também entender como as empresas podem abordá-los de maneira significativa.
Nesse sentido, um ponto central aqui é a composição dos altos cargos corporativos, garantindo que atendam às metas de cada letra do ESG. Além disso, é vital priorizar relações trabalhistas transparentes e justas, abordando não apenas o regime CLT, mas também outras formas de contratação. A transparência emerge como um elemento fundamental, especialmente ao lidar com questões laborais que podem resultar em ações judiciais.
Um dos assuntos de grande destaque no Social é sobre a diversidade e inclusão, refletindo uma mudança significativa na gestão corporativa. Programas específicos voltados para a inclusão de diversos grupos, como minorias, estão ganhando notoriedade, o que mostra uma abordagem proativa para promover a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho.
Outro ponto relevante envolve a relação com as comunidades locais, especialmente no contexto das operações empresariais. Estabelecer uma comunicação transparente e inclusiva com essas comunidades, levando em consideração suas preocupações e perspectivas, é essencial para construir uma base sólida de apoio e mitigar potenciais conflitos, o que se mostra muito benéfico em processos essenciais da organização, como, por exemplo, durante os processos de licenciamento ambiental.
Em suma, a parte Social do ESG demanda abordagens estratégicas e holísticas. Ao integrar metas e valores ESG em toda a corporação, tanto internamente quanto em suas interações com as comunidades circundantes, as empresas podem construir um futuro mais sustentável e inclusivo para todos os envolvidos.
Maximizando o impacto social com acompanhamento e boas parcerias
Ao avaliar o desempenho em questões sociais relacionadas ao ESG, a escuta ativa emerge como uma ferramenta importantíssima.
Abrir canais diretos para feedback dos colaboradores e das comunidades locais, além de estabelecer processos estruturados para lidar com essas informações, é fundamental. Isso inclui desde o recebimento de reclamações até a implementação de metas claras e mensuráveis, com prazos definidos para avaliação periódica do progresso alcançado.
Além disso, ao lidar com fornecedores, a colaboração também é de extrema importância. Estabelecer padrões ESG nos contratos é apenas o primeiro passo. As empresas líderes devem ir além, criando canais de comunicação abertos e programas específicos para apoiar seus fornecedores na adoção e cumprimento desses padrões.
Segundo Karen Machado, essa abordagem não apenas fortalece a cadeia de suprimentos, mas também promove uma cultura de responsabilidade compartilhada em todo o ecossistema empresarial:
“Além da existência da regulamentação dos contratos, é salutar a necessidade de ter um canal aberto com fornecedores, para que, da forma como é possível, haja uma orientação, uma forma de esclarecimento de dúvidas, ou até mesmo um cronograma para a adoção dos parâmetros que estão sendo exigidos pela contratante.”
Os benefícios das práticas sociais para empresas visionárias
Quando as empresas valorizam a parte social do ESG em suas estratégias de negócio, uma série de benefícios se desdobram. Baseada na materialidade específica de cada empresa, é possível promover uma maior transparência interna e externa, fortalecendo as relações com colaboradores e comunidades locais.
A ênfase nas questões sociais resulta em uma redução do passivo trabalhista e da rotatividade de funcionários, já que um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso é estabelecido. Essa ênfase também contribui para a obtenção da licença social para operar, fortalecendo os laços com as comunidades do entorno.
Por fim, ao exigir padrões ESG de seus fornecedores, as empresas minimizam os riscos associados à cadeia de suprimentos, promovendo práticas mais éticas e sustentáveis em todo o ecossistema empresarial. Esses benefícios não só impulsionam o desempenho financeiro, mas também reforçam o impacto positivo das empresas na sociedade e no meio ambiente.
A conexão entre Social, Ambiental e Governança no ESG
No âmbito do ESG, a parte social está intrinsecamente ligada às áreas ambiental e de governança, formando uma abordagem integrada de sustentabilidade empresarial. Esta interconexão se manifesta em diversos aspectos, destacando-se a composição do conselho de administração e as políticas de remuneração, que refletem tanto aspectos sociais quanto de governança.
Além disso, a relação entre o social e o ambiental é evidente na análise dos impactos socioambientais de um empreendimento durante o processo de licenciamento. Questões como comunidades afetadas, unidades de conservação e impactos socioeconômicos são cuidadosamente avaliadas, demonstrando a interdependência entre as esferas social e ambiental.
Karen comentou sobre:
“Uma das coisas que eu sempre trabalho com os meus alunos são os impactos socioambientais de um empreendimento. Dentro do processo de licenciamento de um empreendimento, nós avaliamos impactos socioambientais, assim como estudamos e contemplamos eventuais unidades de conservação do entorno, as comunidades afetadas, comunidades tradicionais, quilombolas, indígenas, afetadas pelo empreendimento, como também impactos socioeconômicos do empreendimento.
Então, todas essas questões são analisadas e avaliadas dentro do processo de licenciamento e todas as medidas que serão adotadas para reduzir impactos negativos ou para criar mais impactos positivos, ou seja, existe uma visão completa para que as ações sejam efetivas”.
Com esse exemplo, fica mais claro que os benefícios decorrentes da adoção de metas ESG são compartilhados entre as áreas. Embora as métricas possam variar de acordo com a materialidade de cada empresa, os impactos positivos reverberam de forma abrangente, promovendo uma cultura empresarial mais sustentável e responsável.
Assim, a abordagem integrada do ESG reconhece a interdependência entre os aspectos social, ambiental e de governança, impulsionando a busca por um futuro empresarial mais ético e resiliente.
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