Muito se ouve falar de quão importante o programa de compliance efetivo pode ajudar as organizações a mitigar seus riscos. Mas qual deve ser a estratégia para approach e obtenção do buy-in da alta administração para a implementação de iniciativas pró-compliance quando a cultura organizacional pode representar um obstáculo para tornar o programa consistente?
É possível gerenciar os riscos de conformidade que estão relacionados com a cadeia de valor da organização, não se esgotando a esses, conhecendo o ambiente regulatório, estabelecendo controles internos, disseminando orientações para os stakeholders, desenvolvendo profissionais para atuar na área de compliance, adquirindo soluções e tecnologias disponíveis para automação das tarefas e atividades necessárias e tendo acesso a uma gama de profissionais e empresas externas, caso não se tenha a expertise dentro de “casa”. Porém, para gerenciar riscos de conformidade, que estão relacionados ao comportamento humano, as ações de mitigação deles deverão ser desdobradas com base no conhecimento e entendimento da cultura organizacional estabelecida.
A cultura organizacional representa um forte aliado para aderência de condutas éticas dentro das organizações, sendo um dos seus principais pilares de sustentação para o programa de compliance. Portanto, desprezar a influência da cultura dos países de origem de seus executivos ou das empresas matrizes no comportamento das pessoas e suas escolhas (assim como não entender que as crenças pessoais dos membros que constituem as empresas podem ser diferentes dos valores organizacionais) fará com que seja estabelecida uma estratégia fadada ao fracasso. É necessário conhecer com profundidade as práticas organizacionais a fim de que as ações sejam adaptadas para cada realidade. Essa é uma das razões que faz com que cada programa de compliance seja único.
Nesta direção, as legislações ou normas de reguladores, equipes de trabalho, tecnologias e perfil de risco das empresas não são os únicos fatores críticos de sucesso que devem ser administrados pelos profissionais da área de compliance. Além destes, a busca pelo engajamento dos executivos para aderência das diretrizes estabelecidas bem como o entendimento de como eles lidam com os problemas e tomam decisões no dia a dia são determinantes para a construção e reforço de uma cultura ética corporativa.
Alessandra Artifon é graduada em Administração e Pós-Graduada em Gestão empresarial. É membro da Comissão temática de Riscos Corporativos do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e da Comissão de Estudos de Investigações Corporativas da LEC.