Estimativas apresentadas pelo FATF-GAFI apontam que os crimes ambientais – que incluem extração ilegal de madeira, mineração ilegal, despejo de resíduos entre outros ilícitos – movimentam algo entre US$ 110 bilhões até US$ 281 bilhões em ganhos para os criminosos a cada ano.
É um volume de dinheiro muito grande para ficar de fora do radar dos órgãos responsáveis pelo combate à lavagem de dinheiro em todo o mundo, mas, como reconheceu o atual presidente do FATF-GAFI, o alemão Marcus Pleyer, na abertura da primeira reunião de alto nível realizada pelo órgão que contou com a presença de chefes de organizações internacionais, incluindo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens (CITES) para discutir como desenvolver parcerias para combater o dinheiro sujo que ajuda a alimentar crimes ambientais. “Combater a lavagem de dinheiro ligada ao crime ambiental é uma parte muitas vezes negligenciada de uma solução muito maior para ajudar a salvar nosso clima. No momento, com muita frequência, os criminosos e suas gangues estão se safando. Eles ganham bilhões saqueando nosso planeta.”, disse Pleyer, lembrando que organizações criminosas internacionais envolvidas em crimes ambientais, não raro também estão envolvidas em outros crimes graves como tráfico de drogas, contrabando ilícito de armas e tráfico de seres humanos.
A atual presidência do FATF-GAFI estabeleceu como prioridade ajudar os países a acompanhar o dinheiro ligado aos crimes ambientais, vem como identificar e desmantelar as redes criminosas organizadas envolvidas. “Em alguns países, o desmatamento ilegal representa até 90% de todas as atividades florestais. Em alguns outros a mineração ilegal representa até 90% de todas as atividades de mineração. Precisamos ter uma resposta global organizada para reduzir, combater e, eventualmente, evitar o crime ambiental organizado”, acredita Espen Barth Eide, ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega.
A conferência concentrou-se em discutir como os países e o setor privado podem avaliar sua exposição aos fluxos financeiros dos crimes ambientais; e como, em conjunto com organizações internacionais, podem trabalhar alinhados para combater essa ameaça. “O UNODC forneceu orientação e treinamento em investigações financeiras relacionadas a crimes ambientais na África, América Latina, Ásia e Pacífico. Em breve, lançaremos uma nova ferramenta de treinamento para investigadores sobre as complexas ligações na cadeia de suprimentos de crimes contra a vida selvagem”, contou durante o evento a diretora executiva do Escritório das ONU em Viena e da UNODC, Ghada Waly.
Embora muitos países estejam começando a ver progressos, como o aumento da inteligência financeira, todos os palestrantes concordaram que há necessidade de um foco global contínuo na lavagem de dinheiro ligada ao crime ambiental, apontando como prioridades a necessidade de priorizar a coleta de dados, os esforços anticorrupção e a implementação efetiva dos Padrões do GAFI, incluindo a transparência em relação ao beneficiário final das empresas como áreas-chave de ação.
Atualmente, o FATF-GAFI já exige que os países criminalizem a lavagem de dinheiro relacionadas com uma série de crimes ambientais e adicionou vários exemplos desses crimes ao seu Glossário, para esclarecer aos países os tipos de crimes que se enquadram nessa categoria.
Redação LEC
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