Inegável que o Compliance Officer se depara, a todo momento, com uma quantidade infinita de dados e informações, desde o início do processo de implantação do Programa de Compliance até seu efetivo funcionamento e monitoramento contínuo.
Com o aumento expressivo do número das operações de negócios digitais, houve a necessidade de desenvolvimento de ferramentas jurídicas tecnológicas (lawtechs e legaltechs) que também auxiliam o Compliance Officer nas suas tarefas diárias, reduzindo tempo com tarefas administrativas e apresentando maior exatidão nos números e resultados estatísticos. Isso pois, o desenvolvimento de sistemas computacionais com habilidade de desempenhar tarefas antes realizadas pelo ser humano agrega valor para área de Compliance, permitido ao profissional maximizar sua capacidade e conhecimento técnico.
A fala, a robótica, visão, machines, PNL e a lógica são algumas das tecnologias utilizadas no âmbito do Compliance para ajudar na automação da expertise, reconhecimento e classificação de imagens e documentos, tradução, captura de dados e informações, expandindo o processamento e compartilhamento de informações para atendimento das necessidades corporativas, permitindo previsões e provisões mais abrangentes com maior celeridade e assertividade.
Nesse sentido, a automação de processos é de suma importância para a reunião de dados dos diversos setores da empresa em um sistema de informação único, diminuindo a possibilidade de falhas, aumentando a velocidade da comunicação, o que facilita o trabalho do profissional de Compliance que poderá contar com a padronização de indicadores, melhoria na rastreabilidade dos processos, identificação de desvios e erros com maior precisão para a maior consistência das informações a que tiver acesso.
A mineração de dados, que pode ser traduzida no conjunto de ferramentas e técnicas para a exploração e extração de novos subconjuntos de dados, é outra tecnologia importante no âmbito das atividades do Compliance. O data mining pode ser utilizado, por exemplo, para verificação detalhada de padrões comportamentais de colaboradores de uma empresa, auxiliando o Compliance Officer no mapeamento de riscos e com isso na revisão ou implementação de um Programa de Compliance mais eficaz.
O monitoramento das mensagens eletrônicas recebidas e enviadas pelos colaboradores, por sua vez, assessora na condução das averiguações e investigações de denúncias de comportamentos ilícitos e antiéticos, possibilitando a verificação e comprovação de fatos, informações e documentos.
Essas ferramentas contribuem para a detecção, tratamento e correção de desvios e inconformidades, atos ilícitos ou ilegais praticados no ambiente corporativo. Há uma contribuição mútua entre as ferramentas tecnológicas no mercado legal e o Compliance, vez que os softwares maximizam os resultados dos trabalhos do profissional de Compliance e este, por sua vez, atua detectando eventuais falhas no sistema da organização.
As novas tecnologias se apresentam como soluções integradas aos procedimentos adotados pelas empresas para dar maior agilidade às operações e tarefas rotineiras de análise de dados, gerenciamento de riscos, investigações e monitoramento do Programa de Compliance, o que se mostra imprescindível nos dias atuais, considerando a velocidade das informações, o cenário dinâmico de constante alteração de leis e regulamentações, bem como detecção e combate às redes de crime organizado que se tornam cada vez mais digitais.
Assim, as lawtechs e legaltechs aceleram a integração corporativa, auxiliam na maior transparência e segurança das operações e informações internas e externas das companhias, além da otimização de tempo e custo, tornando o combate à fraude e corrupção no ambiente corporativo mais estratégico, possibilitando ao Compliance Officer se dedicar integralmente às funções de cunho estratégico e analítico.
Michele S. Gonsales, especialista em Direito Societário e Empresarial.
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