O presidente da Unimed FESP, Omar Abujamra Junior, fala sobre o processo de estruturação da área de GRC na federação
Entidade que integras as cooperativas Unimed de todo o estado de São Paulo, a Federação das Unimeds do Estado de São Paulo (FESP) oferece assessoria nas áreas como relações empresariais, jurídica e projetos hospitalares orientando, coordenando e normatizando a filosofia cooperativista entre dirigentes, médicos cooperados e funcionários das Unimeds em São Paulo.
No final de 2019, a entidade deu início ao movimento de estruturação de sua área de Governança, Risco e Compliance, com áreas dedicadas, agentes de Compliance e “due dilligence” de terceiros. Nesta entrevista, o presidente da entidade, Omar Abujamra Junior, conta mais sobre como está se dando esse movimento.
O código de Conduta da UNIMED FESP é o mesmo da Unimed Brasil. Mas, a UNIMED FESP conta com um departamento específico para lidar com os temas de Compliance? Como a área está estruturada
Sim, a FESP iniciou esse movimento estrutural de GRC em novembro de 2019, onde além da equipe de Compliance dedicada, também contou com a implantação de equipes voltadas para Gestão de Riscos, Controles Internos, Gestão da Qualidade e a área de Auditoria Interna, estruturada e totalmente segregada no organograma, reportando-se diretamente à Presidência.
O Código de Conduta da Unimed Brasil é um documento elaborado com a participação das Unimeds e a FESP esteve presente em toda sua produção. Após este grupo técnico estruturar a proposta de conteúdo deste documento, o mesmo é submetido a uma consulta pública para todas às Unimeds. A FESP valoriza este trabalho por entender que as Diretrizes devem estar correlacionadas com a marca Unimed, tal qual foi proposta pela Unimed do Brasil.
Para a liderança da entidade, qual a importância da área de Compliance e o que ela agrega ao negócio da UNIMED FESP?
A FESP preza pela ética e transparência, fatores prioritários dentro da empresa e para a liderança a área de Compliance tem papel fundamental no desenvolvimento desses fatores, com a equipe GRC é possível desenvolver o programa de Compliance, que garante além da disseminação da ética e transparência a constatação do compromisso da Companhia com a implementação das melhores práticas aplicadas ao assunto e aquelas já exigidas legalmente, a transparência e redução de riscos, maior credibilidade da marca junto ao mercado, além de possibilitar a visão ampla de todo arcabouço regulatório que permeia o sistema.
Qual a participação dos líderes da entidade nas ações de Compliance? Pode dar exemplos dessa participação?
Entendemos que o “tom que guia a companhia” vem daqueles que estiverem no topo da cadeia de comando, o engajamento e a conduta dos líderes, norteiam os demais membros da equipe. Com esse entendimento, procuramos envolver constantemente toda a liderança nos assuntos de Governança, Risco e Compliance por meio de reportes periódicos das ações e resultados concluídos nos processos desenvolvidos pela equipe de GRC, tais como Due Diligence, Canal de Ética etc. Todos os assuntos são tratados nas reuniões estatutárias e gerenciais, além de contarmos com a participação de todos nos treinamentos e palestras.
Proporcionamos com isso ampla visão de todos os processos que a estrutura de GRC desenvolve em seu dia a dia, incluindo os resultados refletidos diretamente no suporte de melhoria de processos dado nos mais variados setores da FESP, fortalece a cultura de integridade na organização.
Como a cultura de Compliance tem sido disseminada para os funcionários da federação?
Nos últimos meses, a FESP vem implementando um plano de comunicação com cronogramas definidos ao longo de todos os meses, impactando diretamente todos os nossos colaboradores, através de palestras sobre o tema, treinamentos pontuais, workshops e, também, pautas fixas nos mais diversos canais de comunicação da FESP. Além disso, implantamos um programa de Agentes de Compliance, que é composto por colaboradores das mais variadas áreas da FESP, escolhidos de acordo com o perfil influenciador que este já possui em sua rotina. Os colaboradores passam por formação específica e se torna o agente de mudança dentro de suas respectivas áreas, sendo ponte entre a estrutura GRC e seus líderes, disseminando boas práticas e ajudando na melhoria contínua de processos.
Dentro da área de Compliance, vocês adotam o conceito de Cultura Justa?
A ideia de lançar um canal de denúncia externo é exatamente demonstrar nossa isenção quanto à captura de informações operacionais e sensíveis, transmitindo a segurança para inserir o maior número de detalhes possibilitando a identificação de falhas em processos, ou ainda, necessidade de treinamentos pontuais ou ações de marketing fixas para incorporar o conceito e exemplos práticos que demonstrem o engajamento da FESP com relação a disseminação boas práticas aos demais colaboradores e ao mercado. Em resumo, nosso objetivo nesse início do programa de Integridade é aculturar todos nos mais diversos níveis e, demonstrar através do exemplo que a liderança se pauta quanto a reforçar ainda mais a valorização firme de tudo que permeia o assunto ética e transparência.
Você pode compartilhar alguns dados referentes ao canal de denúncias da empresa? Os funcionários têm sido incentivados a utilizar o canal?
Nosso canal de denúncias é externo e independente, temos um parceiro responsável pela implementação e gestão do canal. As denúncias são recebidas, analisadas e tratadas pelo nosso Comitê de Compliance. O grande desafio na implementação de um canal de denúncias é convencer os colaboradores da importância do uso correto e do quão segura é a ferramenta, garantindo total sigilo e anonimato ao denunciante.
Temos ações de disseminação do canal pontuais desde o seu lançamento, incentivando rotineiramente, para que a utilização do mesmo seja fomentada e demonstrando assim nossa preocupação com pessoas e situações que não conseguimos enxergar na linha operacional. Procuramos transmitir constantemente a importância de nos enviarem as preocupações, a fim de nos ajudar a administrar toda a FESP.
Como se dá o processo de investigação e, eventualmente, de punição por infrações ao código de conduta da UNIMED FESP? Existem instâncias colegiadas, como um comitê de ética, para aplicar as medidas disciplinares? Elas se aplicam a todos os funcionários da companhia?
O Comitê de Compliance quando identifica alguma infração referente aos valores que permeiam o Código de Conduta, através de uma denúncia recebida pelo canal, realiza uma análise da situação relatada, procedendo com investigação interna, sempre de forma imparcial e respeitando o sigilo do processo. Proibimos de forma amplamente divulgada qualquer Retaliação. Cada caso é avaliado em sua particularidade e ações das mais diversas são tomadas nas fases investigativas, não existe padrão definido, mas sim processo de apuração destas, uma vez que cada situação possui sua particularidade. Por fim, existe um Comitê de Ética, onde os membros são os dirigentes com apoio de Compliance, Auditoria Interna, Jurídico e convidados quando necessário, a fim de apresentar os indicadores do canal de denúncias naquele período determinado, porém não abrindo nenhuma denúncia, mas sim demonstrando a volumetria, seus status e o que gerou de eficiência para FESP na melhoria de seus processos, por exemplo.
O programa da Compliance abarca os terceiros (parceiros de negócios, fornecedores)? Que tipos de processos têm sido conduzidos pela área de Compliance para garantir que os parceiros da empresa estejam alinhados com o programa da UNIMED FESP?
Sem dúvida, desde a implantação da estrutura de GRC foi acordado com toda a liderança que antes de firmar qualquer relacionamento uma due diligence deverá ser realizada, onde a abrangência foca nos tipos de Risco que aquela relação após firmada possa trazer à FESP, visando principalmente situações que possam gerar conflitos ou danos à imagem da Unimed FESP.
Publicado originalmente na edição 28 da revista LEC: “Governança em boa saúde”
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