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Fraude e Corrupção são tentativas ilegais de alcançar a felicidade?

  • junho 26, 2025
  • Cátia Veloso

“Dinheiro traz felicidade?”

Essa pergunta, repetida como ditado popular ao longo das gerações, atravessa culturas e contextos históricos.

Mais do que uma afirmação ou uma negação categórica, ela é uma provocação: até que ponto a riqueza pode ser associada à realização pessoal, ao bem-estar emocional ou ao verdadeiro sentido da vida?

A ideia por trás desse questionamento é simples, mas profunda. O dinheiro, de fato, pode trazer conforto, segurança, liberdade de escolhas e acesso a experiências que ampliam a qualidade de vida. No entanto, a felicidade humana não se esgota no consumo ou na posse de bens. Pertencimento, reconhecimento, amor, saúde emocional e propósito são elementos que o dinheiro pode facilitar, mas não garantir.

E quando o dinheiro tem origem antiética, fraudulenta ou corrupta, o dilema se intensifica. A sensação de ganho pode ser atravessada pela culpa, pelo medo da descoberta, pela perda de identidade moral ou pela quebra de vínculos sociais. Nesse contexto, o dinheiro não só falha em trazer felicidade duradoura, como pode gerar um efeito oposto: ansiedade, isolamento, desgaste psicológico e degradação pessoal.

Assim, ao nos perguntarmos se o dinheiro traz felicidade, a resposta depende não apenas do valor acumulado, mas de

sua origem, do caminho percorrido para conquistá-lo e do significado atribuído a ele por quem o possui. Quando os meios violam a ética, o que poderia ser fonte de bem-estar se transforma, muitas vezes, em um vazio disfarçado de sucesso.

Dinheiro e poder: uma distinção necessária

Para aprofundar a compreensão das motivações por trás da fraude e da corrupção, é essencial diferenciar dinheiro e poder.

Embora frequentemente associados, esses conceitos não são equivalentes. O dinheiro está relacionado a recursos materiais, consumo, conforto e liberdade de escolha. O poder, por sua vez, refere-se à capacidade de influenciar, controlar ou impor decisões sobre outras pessoas ou contextos (Foucault, 1979).

Muitas vezes, o ganho ilícito de dinheiro não é um fim em si, mas um meio de adquirir ou manter poder — seja para dominar ambientes, obter status, controlar pessoas ou evitar vulnerabilidades.

Nesse sentido, a corrupção pode ser vista não apenas como busca de riqueza, mas como uma tentativa de se proteger emocionalmente, impor relevância ou restaurar um senso de dignidade comprometido. O dinheiro, aqui, cumpre a função simbólica de autorizar o exercício do poder. Como destaca Han (2018), a sociedade contemporânea transforma o desempenho e o sucesso econômico em medidas de valor humano, intensificando a busca por controle e validação social.

Por que pessoas cometem fraude, corrupção ou atos antiéticos?

A doutrina organizacional e comportamental avançou significativamente nas últimas décadas ao buscar explicações que vão além da mera ganância ou ausência de moralidade.

O comportamento humano é moldado por uma complexa interação entre fatores individuais, sociais, organizacionais e emocionais. Cometer atos ilícitos muitas vezes não é um desvio súbito, mas sim um processo de erosão ética, alimentado por pressões, justificativas internas e ambientes permissivos.

Ao mesmo tempo, é necessário reconhecer que a corrupção e a fraude nem sempre são cometidas apenas para enriquecer — muitas vezes elas servem como tentativas equivocadas de alcançar reconhecimento, realização pessoal, segurança emocional e sensação de pertencimento.

Essa dimensão subjetiva tem ganhado espaço em análises mais recentes, aproximando os campos da ética, da psicologia organizacional e da sociologia.

Este artigo propõe uma reflexão integrada entre os principais modelos teóricos clássicos e contemporâneos da doutrina que explicam por que pessoas cometem fraudes, associando-os aos fatores humanos mais subjetivos: a busca por sentido, segurança e bem-estar.

1. A Teoria do Triângulo da Fraude

Desenvolvida por Donald Cressey nos anos 1950, a Teoria do Triângulo da Fraude estabelece que três elementos principais estão presentes nos casos de fraude:

  • Pressão: a motivação pessoal, como dívidas, manutenção do estilo de vida, cobrança por resultados ou receio de fracasso.
  • Oportunidade: a percepção de que o ato pode ser cometido sem que seja detectado ou punido.
  • Racionalização: o processo interno de justificativa, em que a pessoa acredita que seu comportamento é aceitável ou merecido (“só estou pegando o que é meu”, “a empresa não vai sentir falta”, “todo mundo faz”).

O triângulo permite compreender que mesmo pessoas comuns, com histórico ético, podem ser levadas a praticar fraudes se os três elementos estiverem presentes e não houver mecanismos de controle ou suporte emocional adequados.

2. A Teoria do Pentágono da Fraude

Complementando a análise de Cressey, a teoria do Pentágono da Fraude foi desenvolvida por Wolfe e Hermanson (2004) e acrescenta duas variáveis ao tradicional triângulo: capacidade e ego/arrogância. Assim, os cinco elementos passam a ser:

  • Pressão
  • Oportunidade
  • Racionalização
  • Capacidade
  • Ego ou arrogância

A capacidade refere-se à habilidade técnica, posição hierárquica ou acesso estratégico que permite executar e ocultar o ato fraudulento. Já o ego ou arrogância está relacionado à percepção de superioridade moral, senso de imunidade ou à crença de que está acima das regras. Essa

teoria amplia a compreensão sobre o comportamento fraudulento, destacando que nem todos cometem desvios apenas em reação ao ambiente — alguns o fazem por convicção de que podem, devem ou merecem fazê-lo.

Esse componente é especialmente sensível quando analisado sob a ótica do desejo de poder, autoengrandecimento ou de afirmação pessoal como forma de alcançar respeito, controle ou relevância. O ganho financeiro serve, nesses casos, como um símbolo de status e domínio.

3. A Teoria da Janela Quebrada

Formulada por Wilson e Kelling (1982), essa teoria sustenta que sinais de desordem e tolerância a pequenas infrações geram um ambiente propício para violações maiores. Aplicada ao ambiente organizacional, significa que práticas como nepotismo, conflitos de interesse e microcorrupções institucionalizadas contribuem para uma cultura permissiva. Quando o senso de justiça e integridade é corroído no cotidiano, o ato corrupto deixa de ser exceção e passa a parecer inevitável — ou até necessário.

4. A Teoria da Anomia

Baseada na sociologia de Émile Durkheim e desenvolvida por Robert Merton, essa teoria descreve a anomia como um estado de desintegração das normas sociais, no qual os meios legítimos de alcançar objetivos são enfraquecidos. Quando as pessoas percebem que o sucesso, o reconhecimento ou a segurança só são possíveis por vias não legítimas, a tendência à fraude e à corrupção aumenta. Esse desalinhamento entre metas sociais e possibilidades reais estimula condutas desviantes como forma de sobrevivência, ou de restauração simbólica da autoestima.

5. Teoria dos Jogos e Dilemas Éticos

A teoria dos jogos oferece uma lente importante para entender comportamentos éticos sob pressão competitiva. O dilema do prisioneiro, por exemplo, mostra como a desconfiança em relação ao outro pode gerar estratégias oportunistas. Quando o ambiente organizacional promove a competitividade a qualquer custo, a lógica passa a ser: “se eu não fraudar, outro vai fraudar e se beneficiar, e eu serei prejudicado”. O comportamento antiético torna-se, paradoxalmente, uma escolha racional de autopreservação — ainda que moralmente condenável.

6. Teoria do Self Moral

Estudos sobre identidade moral, como os de Aquino e Reed (2002), revelam que a maioria das pessoas deseja manter uma autoimagem positiva, como sendo ética, justa e boa. Isso explica por que fraudes muitas vezes são racionalizadas e fragmentadas: o indivíduo não se percebe como “corrupto”, mas como alguém que cometeu um pequeno ato justificável. A integridade é percebida não como um valor absoluto, mas como uma narrativa pessoal que pode ser ajustada conforme a situação. O risco moral aumenta à medida que o ambiente favorece esse tipo de distorção cognitiva.

Pessoas com falhas de caráter: uma minoria que não depende do ambiente

É essencial reconhecer que nem todos os casos de fraude ou corrupção derivam exclusivamente de fatores externos, como cultura permissiva ou pressão por resultados. Há indivíduos cuja estrutura moral e emocional apresenta falhas mais profundas, que não precisam de estímulos do meio para adotar comportamentos antiéticos. São casos em que há traços de desvio de caráter, narcisismo, psicopatia funcional ou ausência de empatia.

Essas pessoas, ainda que inseridas em culturas saudáveis, podem manipular, enganar e cometer fraudes com frieza e intencionalidade, motivadas por poder, superioridade ou indiferença aos impactos sociais de suas ações. Reconhecer a existência desse perfil é essencial para o fortalecimento dos processos de due diligence, avaliação de riscos humanos e estratégias de governança que envolvam não apenas controles, mas mecanismos de monitoramento comportamental e liderança ética ativa.

Conclusão

A corrupção busca dinheiro, mas o dinheiro não é o fim. O que se busca, por trás do ganho material, é a realização financeira como infraestrutura para conquistar aquilo que realmente importa: reconhecimento, segurança, pertencimento, bem-estar e felicidade. A corrupção, portanto, é uma tentativa falha e antiética de alcançar estados desejados da experiência humana — por vias mais rápidas, menos legítimas e, muitas vezes, mais destrutivas.

Embora ilegítimos, atos de fraude, corrupção e desvios éticos frequentemente são cometidos por pessoas em busca de dignidade, respeito, visibilidade e alívio emocional. Quando a cultura organizacional ou social desvaloriza o indivíduo, impõe metas inatingíveis, recompensa apenas o resultado e promove lideranças tóxicas, ela alimenta um ambiente onde a corrupção parece justificável ou inevitável.

Contudo, é igualmente importante reconhecer que há casos em que a corrupção não é fruto apenas do contexto. Há indivíduos que apresentam desvios de caráter ou ausência de consciência moral genuína, o que exige das organizações um sistema de integridade robusto, com foco não apenas na prevenção, mas na identificação precoce de perfis de risco.

A prevenção da corrupção não se resume a controles e punições. Ela exige um cuidado ativo com as pessoas, suas motivações e necessidades. É nesse ponto que o papel das diferentes áreas organizacionais se torna crucial:

  • Lideranças devem ser referências éticas, acolhedoras e justas, promovendo a confiança e o respeito mútuo como fundamentos da cultura.
  • Compliance deve ir além da norma, atuando de forma pedagógica, empática e estratégica na construção de ambientes íntegros e seguros.
  • Recursos Humanos precisa integrar bem-estar, ética, diversidade e reconhecimento em todos os ciclos da jornada do colaborador.
  • Riscos, Controles Internos e Auditoria devem incluir indicadores culturais e humanos na leitura de vulnerabilidades organizacionais.
  • Governança deve assegurar coerência entre valores e práticas, investindo na integridade como um ativo de longo prazo.

Mais do que uma exigência legal, a integridade é uma construção social que depende da confiança e do respeito às pessoas. Cuidar da cultura, das relações humanas e da saúde emocional do ambiente de trabalho é, portanto, uma das formas mais eficazes — e sustentáveis — de prevenir a fraude e a corrupção.


 

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As opiniões contidas nas publicações desta coluna são de responsabilidade exclusiva da Autora, não representando necessariamente a opinião da LEC ou de seus sócios.

Imagem: Canva

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Cátia Veloso

Sócia Fundadora da MariaQuitéria Consultoria
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