Presentear amigos e familiares ou retribuir uma gentileza são atos comuns e saudáveis nessa época do ano. Mas, no ambiente corporativo, isso pode dar espaço a interesses secundários.
Para minimizar tal risco, sugere-se transparência no propósito de quem oferece um presente, deixando claro ao recebedor o objetivo da referida propaganda de seu produto ou serviço. Por isso, brindes de baixo valor com o logo da empresa ou peças de marketing de um certo produto são muito bem-vindos.
Mas, e o vinho caro? A viagem para Cancún? O relógio de marca ou uma joia preciosa? Ou até mesmo uma “modesta cesta de Natal”?
Como afastar do recebedor a sensação do “dever de retribuição”? Essa contrapartida pode vincular-se aos negócios, numa eventual preferência de compra, numa aceitação de uma qualidade abaixo da contratada, numa concessão de licença ou outro favorecimento… enfim, uma vantagem indevida sobrepõe-se à simples ação de presentear.
Mesmo com a intenção genuína e despretensiosa, é inegável o risco da aparência negativa, com efeitos imediatos na imagem de quem oferece. Basta um gesto impensado para destruir em segundos a reputação construída por anos.
Nesse contexto, o Compliance assume papel fundamental. Para proteger a organização e seus funcionários, deve estabelecer políticas claras, justas e transparentes de como tratar esse assunto e atuar diretamente no convencimento dos funcionários.
Entretanto, no cotidiano, imagine alguém receber um presente de alto valor e a sua política interna não permitir. Certamente, terá de devolvê-lo! Mas, e o constrangimento? E se havia de fato boas intenções nessa concessão? Como será a reação da outra parte?
Assim, cabe também ao Compliance dar aos funcionários os instrumentos adequados para o devido cumprimento dos critérios estabelecidos, evitando situações adversas. Por isso, uma boa recomendação configura-se na divulgação prévia a seus fornecedores e clientes, sobre suas políticas e, de maneira gentil, incentivando-os a adotarem práticas similares.
Num primeiro momento, é comum a resistência interna ser maior que a externa, sob o pretexto de se desafiar uma cultura empresarial. Porém, nada disso pode servir de desculpa para não se enfrentar o tema como se deve.
Ao contrário do que alguns imaginam, uma mensagem dessa natureza ao mercado costuma ser muito bem recebida, pois ela expõe os princípios éticos da empresa, convida os parceiros à reflexão e constrói uma relação de confiança, dificultando atitudes com segundas intenções.
Wagner Giovanini é especialista em Compliance e sócio-diretor do grupo Compliance Total | Contato Seguro. Autor do livro “Compliance – a excelência na prática”, desenvolveu a Compliance Station®, plataforma inovadora para a implementação e execução do Compliance em micro e pequenas empresas.
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