Há mais de uma década atrás, quando o assunto era Compliance no Brasil, tínhamos um cenário que se restringia a grandes empresas, com poucos profissionais especializados, baixa oferta de capacitação (treinamentos e cursos) nessa área, além de o próprio escopo de atuação, ou seja, da forma com que o Compliance era implementado no mercado, também ter sido bem menor nessa época.
Atualmente, muito mudou e evoluiu, bem como temos novos desafios a serem superados, o que vamos apresentar neste artigo.
Contextualização sobre o Compliance no Brasil
Por conta de o Compliance ser esse sistema de gestão de ética e conformidade nas organizações, ele precisou de um contexto favorável para se desenvolver em território nacional.
Devido ao surgimento de legislações no exterior e o firmamento de acordos e relações entre empresas brasileiras e internacionais, houve cada vez mais pressão para que o Brasil também se movimentasse nesse sentido.
Imagine o cenário no exterior, em que as empresas passaram a implementar programas de Compliance para se manter em conformidade e, com isso, também tiveram a necessidade de criar vínculos com outras companhias que também contassem com valores éticos e com ações efetivas de Compliance.
Algumas legislações e decretos importantes
Além de tudo o que já estava acontecendo no exterior, outros movimentos também impulsionaram o segmento.
A alteração em 2012 da Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei nº 9.613/1988), Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/2013), a Lei de Organização Criminosa (Lei nº 12.850/2013), a Operação Lava-Jato, entre outras ações, foram imprescindíveis para chamar mais atenção do mercado e da sociedade para assuntos relacionados ao combate à corrupção, lavagem de dinheiro e outros atos ilícitos e à necessidade das organizações se preocuparem com tais questões.
Tudo isso reforçou a importância da implementação e do desenvolvimento do Compliance no Brasil.
O crescimento da área de Compliance no Brasil
Com tamanhas mudanças, passamos por um movimento de crescimento. Profissionais de áreas distintas buscaram se capacitar para ingressar no ramo, houve mais oferta de cursos e treinamentos e o escopo da atuação de Compliance também cresceu.
Além de as empresas sentirem a necessidade de implementar Compliance internamente, esse crescimento aconteceu por conta desse e de outros fatores — como já citamos, os acordos internacionais, as legislações brasileiras e as operações que repercutiram nacionalmente e até internacionalmente.
Como tudo era novidade, os desafios na época eram bastante relacionados à dificuldade de implementar o programa, já que as velhas práticas eram bastante comuns e muitas delas eram opostas à ética e conformidade.
Porém, as empresas que tivessem a visão correta, o objetivo de superar tais dificuldades, teriam perenidade e sustentabilidade no meio corporativo — o que podemos ver atualmente, as organizações mais maduras de Compliance no Brasil são as que não tardaram na implementação de programas efetivos.
A aceleração dos últimos anos
O desenvolvimento da área seguia um ritmo natural, a tendência era que continuasse em crescimento constante, mas ninguém esperava por tudo o que aconteceria por conta da pandemia da COVID-19, que causou uma aceleração ainda mais intensa.
Os cuidados em relação às empresas foram desafiados pelo novo cenário de trabalho remoto, uma produção de dados ainda maior — já que as pessoas estavam mais conectadas à internet—, e também pela maior atenção com a adequação à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).
Antigos x Novos desafios de Compliance
Apesar dos desafios vividos em 2020, houve muitas mudanças em relação ao cenário de Compliance.
Com a LGPD em vigor, com as sanções ativas e o mundo inteiro muito mais conectado em diversos aspectos, a área de Compliance no Brasil continuou crescendo dentro das empresas, na formação de profissionais e até mesmo no escopo de implementação que, como havíamos comentado no início, era restrito.
Na última vez que fizemos um panorama de Compliance nas empresas do Brasil, falamos sobre dados da pesquisa Maturidade do Compliance no Brasil, da KPMG, feita com 240 empresas de diferentes regiões e estruturas. Na época, esse estudo estava na 4ª edição e foi publicado em 2019 e apresentou um conteúdo enfático sobre tecnologia e due diligence.
Agora, temos dados atualizados, com a Pesquisa de Maturidade do Compliance em sua 5ª edição, trazendo informações relevantes sobre o cenário atual.
Pontos importantes sobre o contexto atual do Compliance no Brasil
O estudo da KPMG atualizado coletou dados sólidos no segundo semestre de 2020, com informações mais recentes, correspondendo a respostas de 55 empresas distintas, de setores diferentes, incluindo multinacionais (sendo 35% do número total).
Alguns destaques são:
- para 85% das empresas pesquisadas, é complexo identificar, avaliar e monitorar todos os aspectos regulatórios e de Compliance;
- apesar desse número de 85% ter afirmado isso, apenas 60% dos que responderam à pesquisa informaram que possuem um inventário regulatório estabelecido e acompanhado, ou seja, existe um ponto de atenção, este é um desafio atual;
- outro dado interessante é que 49% das empresas não têm um processo eficiente de due diligence para terceiros — algo que, assim como em 2019, continua a ser uma preocupação.
De olho na proteção de dados e no conceito de ESG
Como um bom profissional de Compliance, é importante saber o que observar para realizar seu trabalho com alta performance.
Nesse sentido, ao olhar para tudo o que tem acontecido nos últimos anos, temos um cenário de valorização dos dados e das informações, tornando-se ativos cada vez mais valiosos.
Além disso, as empresas que tinham uma visão exclusiva em lucratividade, tiveram que se precaver contra corrupção e fraudes, pois isso também impacta em tudo que uma organização está relacionada.
Com essa visão, fica mais fácil de entender um novo movimento de mercado, o qual valoriza uma organização completa, que é sustentável em diversos aspectos — que tem uma Governança responsável, que se preocupa com o meio ambiente e com a sociedade como um todo.
Portanto, assuntos como proteção de dados e ESG (Environmental, Social and Governance) precisam estar no seu radar para que você se torne um profissional melhor preparado para enfrentar os desafios de um mercado que vive em constante transformação.
Prepare-se e capacite-se para estar um passo à frente, tendo vantagem competitiva neste ramo aquecido.
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Redação LEC
Imagem: Freepik