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Há cerca de 5 anos o tema Transformação Digital passou a ser obrigatório em qualquer apresentação dos gurus da administração.
Passamos a conhecer as dezenas de exemplos emblemáticos que tanto tocaram o coração e as mentes dos Executivos e Empresários. Casos como os da Kodak, Blockbuster, Uber ou Airbnb passam a ser temas de estudo de casos dentro das Escolas de Negócios é tema em qualquer roda Empresarial.
Nelas, professores tentavam à exaustão sensibilizar estes Executivos e Empresários, da urgência em levar às suas Empresas a era da Transformação Digital com o risco de serem varridas do mapa em muito pouco tempo pelos concorrentes mais adaptados ou por novos entrantes.
Escolas internacionais com a americana Singularity viram seus cursos lotarem, em busca de um caminho para a disrupção que estava por vir. Como adquirir conhecimento suficiente em uma disciplina tão nova, sem grandes referências a serem seguidas. Como fazer essa transformação em nossas Empresas?
Bem, avançamos a fita para janeiro de 2020, e o que vemos são as Empresas ainda em processo de busca pelos caminhos a serem traçados para a Transformação que batia as suas portas. Os mesmos temas ainda estavam em debates e novos exemplos estavam sendo criados todos os dias. Além da globalização, agora Empresas de outros setores desafiam os negócios em seus modelos tradicionais.
Poucos meses depois, o mundo foi impactado por uma Pandemia, que ao mesmo tempo que congelou o mundo, acelerou a disrupção digital nas Empresas. De pequenos restaurantes a gigantes da indústria, tiveram que encontrar uma maneira digital de moverem seus negócios, sem nenhuma alternativa de postergação com risco de perderem seus negócios.
Este impacto, não somente atingiu os negócios das Empresas, mas também os departamentos internos das Empresas. E isto, atinge frontalmente as áreas de Compliance.
Temos observado que os Programas de Compliance, muitos impulsionados pelo efeito lava-jato, tem crescido dentro das Empresas. Cada vez mais observamos as Empresas buscando estar em conformidade ao mesmo tempo que muitos órgão públicos tem exigido que elas comprovem a existência de um programa efetivo para fazerem negócios com o setor público.
Em paralelo, nos últimos meses temos visto um grande impulsionamento à prática do ESG (Environmental, Social and Governance) que valoriza as Empresas que estejam preocupadas não somente com a lucratividade, mas também com qual futuro deixarão para a humanidade. Preocupando-se com o meio-ambiente, auxílio às pessoas menos favorecidas e a prática transparente e ética dos negócios em que estejam envolvidos.
Estes fatores combinados, deveriam reforçar ainda mais os Programas de Compliance, mas como muitas Empresas, muitos Programas ainda estavam dependentes de um esforço individual com uma implantação quase que artesanal dos processos chave recomendados pelas boas práticas de Governança.
Da mesma maneira que as Empresas se viram pressionadas por operarem em um mundo novo, onde todos estavam remotos, os profissionais de Compliance se viram na mesma situação. Sem ferramentas tecnológicas, como gerir e garantir que as pessoas estavam seguindo os Códigos de Ética e Conduta da Empresa, vivendo os valores e a visão das mesmas?
Como garantir que as pessoas estivessem sendo treinadas, estando remotamente?
São perguntas que os profissionais estão fazendo em meio a esse “novo normal”, em busca do Compliance 4.0.
O Compliance 4.0 deve implantar processos e procedimentos mais automatizados, eliminar os documentos em papéis (o que já traz alinhamento com o ESG), engajar eletronicamente os colaboradores de forma ágil e integrada. Novos Códigos de Conduta devem incluir novos aspectos comportamentais, desde utilização de ferramentas de vídeo conferências, como presença em mídias sociais. Aspectos trabalhistas associados ao monitoramento dos colaboradores remotos e até mesmo a infraestrutura necessária para execução deste trabalho bem como o compartilhamento de equipamentos e redes com acesso a dados privados da Empresa com familiares.
Este novo desenvolvimento dos Programas de Compliance, tem colocado em xeque a capacidade dos Programas a se adaptarem na mesma velocidade que as Empresas necessitam para operar nesse novo ambiente, mas traz um mundo de novas oportunidades.
Este é um excelente momento para criarmos um modelo ainda mais robusto, utilizando de ferramentas tecnológicas que permitam os avanços ainda maiores do Compliance dentro das Empresas, transformando a percepção de um processo de controle para um Parceiro de Negócios e de gestão da Cultura.
Enfim, é justamente nos momentos de desafios que surgem as grandes oportunidades de transformação e com o Compliance não poderia ser diferente. Somos resilientes, por definição; mas seremos ainda mais protagonistas auxiliando nossas Empresas a passarem por esse momento e saírem mais fortes.
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