Não só por obrigação de ofício, já que atuo em Governança Corporativa e a prevenção à Lavagem de Dinheiro é parte importante dessa atividade, mas principalmente por ser brasileiro, ontem fui assistir – só
consegui agora – ao filme Polícia Federal, a Lei é para todos.
Fiquei muito bem impressionado quão bem produzido foi este filme. Parabéns aos produtores que fizeram a lição de casa e de forma muito simples, objetiva e didática nos presentearam com informações claras e
bem organizadas sobre a Operação Lava Jato, seus desdobramentos e dificuldades. Assim um filme para brasileiros e não apenas para quem atua na área.
Particularmente foi uma injeção de ânimo, mostrando a importância da perseverança e trazendo esperança em um país melhor. Contudo acredito que atuar com foco nos políticos não basta. Eu explico.
Pessoas mais próximas já conhecem o meu jeito provocativo – e aqui cabe uma observação – a provocação apenas com o objetivo de levar à reflexão e a novas ideias e debates saudáveis, sem críticas ou arrogância, apenas expor e discutir pontos de vista e enriquecer esses debates.
Isso posto, quero concluir minha principal reflexão sobre o filme. Talvez tenha me passado despercebido, mas o filme mostra que a lei é para todos dando a entender que aplicável em qualquer nível do poder. Ótimo que seja assim. Mas eu queria ressaltar que o maior esquema de corrupção da história do planeta acontece em empresas públicas e privadas, envolvendo pessoas físicas e jurídicas, políticos e não políticos.
Faz muito tempo que temos falado e atacado os políticos entendendo que isso salvará o país. Sim, eles precisam mudar radicalmente e serem punidos, mas infelizmente não será tão simples assim mudar o Brasil. E sabem por que? Porque precisamos mudar a cultura desse país… de todos nós e não apenas dos políticos. Ouvi certa vez que não existe corrupto se não houver quem o corrompa. Nada mais acertado. Sempre comentei em minhas palestras e aulas que os políticos são a febre, como o sintoma, de um país doente. E a doença é nossa cultura, nossa herança desde a colonização. Óbvio que não precisamos aceitar essa herança e replicar o modelo sem questionar ou mesmo perceber. E nossa atenção precisa estar nos pequenos e individuais atos como parar em filas duplas na saída da escola quando pegamos nossos filhos, furar o trânsito pelo acostamento, comprar DVDs pirateados, fraudar plantões com dedos de silicone, adquirir o famoso “gatonet”, vender ou obter diplomas falsos ou fraudar bilhetes de transporte público, e infelizmente, a lista de possibilidades parece não ter fim.
Não, não são pequenas coisas. Não, não dá para jogar isso na contabilidade do “só hoje” ou “só desta vez” ou ainda no “todo mundo faz”. Precisamos mudar isso. Cada um de nós. E, provavelmente, mesmo com alguns tropeços ou falhas – no meu ponto de vista não intencionais – esse será o maior legado da Operação Lava Jato. Muito mais do que bilhões de reais recuperados será o legado de uma nova cultura.
Por acreditar nisso que fiquei feliz e confiante em perceber a reação das pessoas durante o filme, com comentários altos e empolgados em determinadas cenas, com destaque para a cena do “tchau, querida”.
Fiquei confiante em ver muitos adolescentes prestigiando interessados. Fiquei confiante por ver que as pessoas permaneceram até o último instante, até os créditos finais e só se levantaram quando as luzes se
acenderam. A Lei é para Todos. Todos nós. Somos nós quem mudaremos esse país!
Vamos nessa?
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Angelo Calori é graduado em Marketing e Pós-Graduado em Administração. Profissional com 27 anos de experiência no mercado financeiro, está em Compliance desde 2005. Desde 2012 é Gerente Executivo de Compliance, Controles Internos e Riscos Operacionais em Seguradora de porte global. Possui experiência em Governança Corporativa, compreendendo a implantação de todos os pilares de um Programa de Controles Internos e Compliance, Relacionamento com Reguladores, Plano de Continuidade de Negócios, Prevenção a Fraudes e Programas de Treinamento e Disseminação. Atuação como Mentor e palestrante em programa de Carreiras e Gestão de Pessoas e participação na Comissão de Controles Internos e Compliance da CNSEG. Atua como instrutor em cursos de Compliance na ABBC – Associação Brasileira de Bancos e palestrante em Congressos.